Para que a engrenagem da Dupla funcione bem no clássico 420, aquele que decidirá o Campeonato Gaúcho de 2019, quatro jogadores serão essenciais no ajuste das peças: os gremistas Maicon e Matheus Henrique e os colorados Edenilson e Patrick. A bola bem trabalhada passará por eles.
Aos 33 anos, o capitão Maicon é o mais velho e o mais antigo desta turma no clássico. Contratado junto ao São Paulo, em 2015, ele já teve a seu lado Ramiro, Fellipe Bastos, Walace, Jailson, Michel e Arthur. Em sua fase gremista, conquistou títulos que jamais havia ganho por Fluminense e São Paulo. Foi campeão da Copa do Brasil, da Libertadores e da Recopa Sul-Americana, além do Gauchão de 2018, e comprou briga com D'Alessandro e com Rodrigo Dourado em clássicos passados. Agora, tem a seu lado o novato Matheus Henrique. Doze anos os separam.
Aos 21 anos de idade, o jovem volante está aprendendo rápido os macetes da profissão. No clássico do Beira-Rio, só não levou a defesa do Inter área adentro porque foi derrubado por Víctor Cuesta (em falta não marcada por Leandro Vuaden). Mostrou experiência de veterano para combater e armar no meio-campo.
— Matheus Henrique joga com uma naturalidade impressionante. Parece que o garoto está no Grêmio há muito tempo. Ou, pelo menos, tanto quanto Maicon. Não se ouve mais reclamações sobre o risco que o time corre sem um volante do estilo de Michel. A questão da estatura no jogo aéreo, por enquanto, está sob controle. E o que falta é o Grêmio conseguir dosar as energias de Maicon para que o capitão consiga render mais durante o máximo de tempo. Neste aspecto, Jean Pyerre tem uma função extra, que ainda está sendo ajustada — entende o comentarista de GaúchaZH Cléber Grabauska.
Se a dupla gremista tem a responsabilidade de levar o time à frente, do lado colorado, Edenilson e Patrick também têm por missão ditar a transição da defesa para o ataque. Quando isso não ocorre, é fácil de se ver a ponte aérea defesa-ataque, consagrada anos atrás pelo zagueiro Paulão, voltar à voga. Edenilson talvez seja o melhor custo-benefício da gestão Marcelo Medeiros. Buscado na Itália, o volante campeão mundial, da Libertadores, da Recopa Sul-Americana e do Brasileirão emprestou ao time de Odair Hellmann uma velocidade que há tempos o Inter não tinha no setor.
Enquanto isso, Patrick foi a grande surpresa de 2018. Contratado como volante e dublê de lateral-esquerdo, o ex-Sport foi o melhor jogador do Inter durante boa parte do ano passado. Oscilou, foi para a reserva, mas Nonato não teve experiência suficiente para se manter no time. Patrick retomou (e bem) a sua posição.
— Enquanto o meio-campo do Grêmio tem jogadores técnicos, o do Inter tem meias/volantes de força e intensidade. Quando um deles não está presente ou não atravessa uma boa fase, o time todo cai de produção. Foi assim no Brasileiro do ano passado com Patrick, que, agora, começa a recuperar a sua melhor forma e recolocar o time com aquela intensidade de jogo que Odair definiu como modelo de jogo. Edenilson é o homem da velocidade e o parceiro de Dourado na hora da proteção e cobertura — entende Grabauska.
Uma coisa é certa: ambas as duplas refletem bem o pensamento de seus treinadores em campo.
— Matheus Henrique e Maicon, Edenilson e Patrick traduzem o modelo de cada time — diz Eduardo Dias, analista do Projeto Footure. — Enquanto os gremistas gerenciam a bola, os colorados gerenciam o espaço. Maicon é o "quarterback" do Grêmio. No basquete, seria o armador, construindo desde a base da jogada, sempre procurando conectar o jogador atrás da linha adversária e comandando a fase defensiva, quando a bola é perdida. Matheus Henrique tem futebol de veterano, é um controlador, faz associações e carrega o time sempre próximo um do outro, além de um senso de posicionamento muito maduro na recuperação pós-perda da bola e um desarme eficiente — completa Dias.
Para o analista do Footure, uma possível conquista colorada passará por uma noite de luxo de Edenilson e de Patrick:
— Edenilson é transição pura. Além de ter evoluído muito em associações, passe e posicionamento para receber, tem solução para tudo em campo, é a principal conexão com o ataque do Inter quando a ligação é pelo chão, tem intensidade e posicionamento na fase defensiva. Patrick tem drible, tem chute, pisa nas duas áreas, é o condutor de bola e a sustentação do lado esquerdo do Inter, potencializa ataque e defesa. De um lado ritmo, do outro, intensidade, são quatro jogadores que traduzem as ideias dos seus técnicos.
Na final, o brilho poderá ficar com Guerrero, André, Everton ou Nico. A bola, porém, terá obrigatoriamente de passar pelos quatro construtores do meio-campo: Maicon, Matheus, Edenilson e Patrick.