São sete anos entre idas e vindas. Quando o pernambucano Juninho veio jogar pela primeira vez no Rio Grande do Sul, não imaginava que fosse se apegar tanto ao futebol gaúcho. Em todas as temporadas, o meia do Novo Hamburgo morou no mesmo lugar: um casarão antigo, dividido em pequenos apartamentos e utilizado pelo clube para acomodar seus jogadores.
Neste ano, há novidades. Uma porta da casa onde morava com a esposa, Sabrina, e o filho, Ryan, dava acesso a outro lar. Bastavam duas batidinhas e o paraguaio Hector Bustamante, em sua primeira temporada no Brasil, atendia junto da esposa, Jenifer, e do filho, Santi.
Em alguns dias especiais, como o da nossa visita, uma grande mesa era montada e as famílias faziam juntas a refeição. Na TV, futebol é o programa preferido.
— Ajuda a suprir a saudade da nossa família de verdade, que ficou lá no Nordeste — diz Sabrina.
Na mesa, o pirão típico nordestino, mexido com fervor na panela pelo meia Juninho. Jenifer explica que, no Paraguai, se come uma sopa feita com farinha de milho. Não encontrou os ingredientes por aqui para preparar.
O gosto da saudade acompanha essas famílias, que abrem mão das próprias vidas para apoiar os atletas. Sabrina explica:
— O sonho deles passa a ser o nosso também — conta a esposa.
E quem entra em campo dá valor aos que estão do lado de fora. Cansado depois de uma partida exaustiva, Juninho era o único pai, em meio a muitas mães e avós, na aula de natação do filho. Cantou com entusiasmo "borboletinha, tá na cozinha" na piscina. Bastidores da vida de um pai.
— Vida de Gauchão é uma peleia — resume o pernambucano, usando um termo bem gaúcho.
Após as quartas de final, Juninho trocou o Noia pelo Botafogo-PB. Hector Bustamante continua no Novo Hamburgo, mas o clube ainda não decidiu se vai disputar a Copinha da FGF no segundo semestre.