O Gre-Nal 418 teve seu debate em torno da decisão de escalar os reservas e isso terminou tirando o foco do que realmente aconteceu em campo: um bom combate de ideias entre os treinadores e uma mistura de performances promissoras e outras nem tanto entre os jogadores.
E a verdade é que tivemos um clássico com alguns destaques táticos a resgatar, pois mostram que tanto Renato Portaluppi quanto Odair Hellmann estão realizando um trabalho consistente e que ambos conseguem fazer o grupo assimilar suas ideias. Mesmo que alguns jogadores ainda não consigam executar essas ideias da melhor forma.
Há muito tempo, defendo a teoria de que não existe uma separação definitiva entre titulares e reservas em grupos profissionais. Por que quem entra jogando na partida é mais importante do que quem termina? O atleta de futebol vive do momento, do presente. Muitas vezes, o momento não é favorável. O que não significa que um atleta não tenha condições de ser titular.
É o caso de Nonato e Neilton, no Inter, e de Matheus Henrique e Jean Pyerre, no Grêmio. São jogadores de muita qualidade, não diferem em nada dos considerados "titulares" em seus times. Mas, por diferentes razões, não começam as partidas. Por isso, me nego a diminuir o tamanho do Gre-Nal 418 como o "clássico dos reservas".
PLATAFORMAS TÁTICAS
Um dos destaques coletivos da partida foi a utilização de uma linha de cinco pelo Inter na fase defensiva. A recomposição de Neilton foi fundamental neste sentido, fechando espaços para as subidas de Leonardo Gomes. O posicionamento médio do Inter até a expulsão de Nonato foi no 4-3-3, se defendendo no 5-3-2.
O Grêmio jogou no seu tradicional 4-2-3-1, com os volantes "pisando" o mesmo espaço praticamente. Com a entrada de Darlan e Tardelli, o Grêmio conseguiu equilibrar o bom segundo tempo colorado, fixando Rômulo na frente dos zagueiros e jogando no 4-1-4-1.
EXPULSÃO E O GOL
Até a expulsão de Nonato, o Inter tinha 40% de posse e já tinha finalizado três vezes a gol. Foi ao perder o jovem meia que o time se retraiu, e o Grêmio tomou conta do campo adversário, chegando a 86% de posse. O gol foi uma consequência natural desta hierarquia.
O que fica do belo gol de Léo Gomes é algo fundamental em uma equipe de futebol: confiar no modelo de jogo. Quando os atletas sabem, lá no fundo, que se eles persistirem no jeito de jogar que foi treinado e já é assimilado, uma hora vai dar certo. E o jogo associativo do Tricolor gerou mais um belo gol, com assistência de André.
DESTAQUES INDIVIDUAIS
Nomes como Nonato, Matheus Henrique e Léo Gomes foram os mais citados e lembrados após o jogo. Mas como é um esporte coletivo, quero destacar outros jogadores pouco lembrados. No Grêmio, André e Tardelli foram os atacantes do time que não tocaram na bola dentro da área. Tudo bem em ser um jogador ofensivo de mobilidade, mas tem que pisar na área.
No mapa de ações dos dois na partida, vemos a produção nula dos dois no setor que é a casa do centroavante. O mais perto foi a assistência de André para o gol de Léo Gomes, na boca da grande área. Nenhum dos dois finalizou no gol de Daniel. Muito pouco para dois camisas 9 de tanta fama e qualidade técnica.
Já no Inter, dois jogadores foram muito importantes na dimensão tática. Neilton, como citado antes, foi fundamental na organização defensiva, recompondo e subindo, fechando espaços e dando apoio. Mas sua produção com a bola foi baixa. O colombiano Tréllez foi fundamental porque deu profundidade ao time, segurou os zagueiros e permitiu que o Inter subisse suas linhas para jogar no campo do Grêmio.
Mas quando foi necessário jogar com a bola, a performance do centroavante foi muito fraca: não acertou nenhuma ação dentro da área. Tanto Tréllez quanto Neilton não finalizaram no gol de Brenno.
Todo Gre-Nal é único e diferente. E isso faz a graça e torna este jogo no maior clássico do futebol brasileiro. O duelo tático entre Renato e Odair foi muito interessante. Os dois propuseram ideias de construção e anulação do adversário que tiveram boas — e algumas nem tanto — respostas dos seus jogadores. Que venha o Gre-Nal 419.