A esta altura, a história já é razoavelmente conhecida. Matheus Henrique e Nonato, ambos com 21 anos, jovens promissores da dupla Gre-Nal, são amigos de longa data. Jogaram juntos na base do São Caetano e, depois, tomaram o rumo de Porto Alegre, com destinos distintos.
Matheus foi para a Arena e, no ano passado, começou a chamar a atenção de Renato no Grêmio. Nonato parou no Beira-Rio e, neste início de temporada, ganhou chances com Odair e virou xodó da torcida colorada. O Gre-Nal 418 foi o primeiro clássico dos dois. E os guris tiveram desempenhos diametralmente opostos na vitória gremista por 1 a 0, neste domingo (17).
Em um Grêmio inesperadamente reserva, Matheus Henrique foi o grande esteio do meio-campo. Com Jean Pyerre marcado de perto pelos volantes do Inter, o camisa 14 teve espaço para fazer a bola rodar. Todas as principais jogadas do Tricolor passaram pelos seus pés, levando o time ao ataque.
Mas seu melhor momento viria em seguida — e justamente contra Nonato. Aos 26 minutos, quando escapava pelo círculo central, foi parado pelo amigo com uma falta feia. Nonato já tinha cartão amarelo, os dois chegaram a se estranhar, mas Anderson Daronco decidiu contemporizar.
Dois minutos depois, os dois voltaram a se encontrar, perto da área do Inter, e de novo o gremista foi parado com falta. Aí não teve jeito, e o árbitro mostrou o cartão vermelho para o volante, que deixou o time de Odair Hellmann com um jogador a menos durante mais de 60 minutos de partida.
A expulsão ampliou o território à disposição de Matheus Henrique, e o guri aproveitou bem a vantagem. O Grêmio apertou o Inter no que restou do primeiro tempo e chegou ao gol com Léo Gomes. Na segunda etapa, mesmo que o Tricolor tenha abdicado da posse de bola, ele seguiu como o nome mais lúcido do time de Renato. Para o jogador, ficou uma decepção: a de não ter podido enfrentar o grande amigo por mais tempo no clássico.
— Foi um lance de jogo. Fiquei triste que ele foi expulso. Cada um defende seu lado, mas ele é um irmãozão meu — disse Matheus Henrique, antes de comemorar a vitória que garantiu ao Grêmio a melhor campanha da primeira fase do Gauchão. — O importante é que, dentro de campo, jogamos bem e conseguimos um bom resultado.
Do lado colorado, Nonato tinha a chance de mostrar que é realidade para Odair. Depois de boas atuações no Gauchão e de uma partida segura contra o Alianza Lima, pela Libertadores, o jovem era o grande nome do time alternativo para o Gre-Nal.
Mas as faltas em sequência — sobre Jean Pyerre, aos 21, e depois sobre o amigo Matheus Henrique — expuseram seu nervosismo. O volante será desfalque contra o Novo Hamburgo, na quarta-feira, pela última rodada. E terá a oportunidade de pensar no que fez no clássico e no que precisa para não deixar o time na mão.