— Calma, calma, nós vamos conseguir.
Essa foi a frase de Carla Oliveira Araujo, 52 anos, mãe do fixo Marlon, depois que o Brasil levou o gol da Ucrânia, no final do primeiro tempo da semifinal da Copa do Mundo de Futsal. Profética.
Familiares e amigos do único gaúcho convocado para a seleção brasileira se reuniram, nesta quarta-feira (2), para assistir à decisão. Os 14,5 mil quilômetros de distância entre Tashkent, capital do Uzbequistão, sede da partida, e Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre, onde Marlon foi criado, desapareceram.
— A gente entra na concentração com eles. O desespero bate junto com o apito inicial — descreveu Carla, antes da partida.
E se a tensão já é algo natural para a família na hora de acompanhar os jogos do filho, o duelo com a Ucrânia caprichou nesse quesito. Pela primeira vez no Mundial de 2024, o Brasil terminou o primeiro tempo em desvantagem.
À medida em que o jogo se desenrolou, as vibrações de Carla e do marido, Luiz Roberto Araujo, 57 anos, o Beto, ficaram ainda mais intensas. Na sala de casa, a torcida alternava entre empolgação e nervosismo com a demora do gol brasileiro sair. A dificuldade imposta pela Ucrânia era inédita para o Brasil na Copa do Mundo do Uzbequistão.
A casa, no centro da cidade, estava decorada com com balões azuis, verdes, amarelos e brancos. No intervalo, salgadinhos, refrigerante, chá e café para os convidados. Mas parecia que o placar estragaria a festa.
Euforia
No início do segundo tempo, Carla e Beto passaram a assistir à partida lado a lado no sofá. E a sorte também mudou de lugar.
Com menos de um minuto, Dyego finalizou e Semenchenko colocou contra a própria meta, empatando o jogo. O ambiente explodiu em apitaços e coros de "Brasil, Brasil". Pouco depois, em nova tentativa do capitão, ele virou para o Brasil.
— Ah, Senhor amado — aliviou-se a mãe.
Aos quatro minutos da etapa final, Marlon quase balançou as redes. Sukhov defendeu com o pé. Como se pudesse ser ouvida por quem estava em quadra, a mãe incentivou:
— De novo, filho!
Drama
A Ucrânia impôs uma pressão que poucos esperavam antes do jogo. Aos oito minutos do segundo tempo, Korsun empatou.
— Vai ser com drama — preocupou-se Beto.
A virada brasileira só ocorreu a quatro minutos do final. Dyego cobrou tiro livre, após seis faltas ucranianas, para fazer o terceiro gol. Como a mãe previu, o Brasil conseguiu vencer e, até o último segundo, como vislumbrou o pai de Marlon, foi dramático.
O fixo gaúcho causou apreensão à família e amigos ao sair de quadra "puxando" a coxa. Para o pai, mesmo se houver lesão, o filho não ficará de fora da final.
— Ele nunca foi de simular lesão, mas acredito que não foi nada sério — comentou.
No apito final, os abraços tomaram conta da casa, e os pensamentos já se voltaram para a final, ao meio-dia de domingo (6). Agora é esperar por Argentina ou França, que se enfrentam nesta quinta-feira (3), ao meio-dia.
— É eletrizante. Tu entra em quadra com todos eles. Estamos ali, juntos, nos erros e nos acertos. A gente quase morre — desabafou Carla, de forma alegre, com a vaga e o coração nas mãos.
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