Se dentro de quadra o fixo Marlon é o único gaúcho da seleção brasileira de futsal, fora dela o técnico Marquinhos Xavier pode ser considerado mais um representante do Rio Grande do Sul na Copa do Mundo de Futsal 2024.
Nascido em Lages, em Santa Catarina, Marcos Xavier de Andrade, 50 anos, recebeu o título de cidadão barbosense, conferido pela Câmara de Vereadores de Carlos Barbosa, no ano passado. Foi no município da serra gaúcha que Marquinhos Xavier gravou o seu nome de forma definitiva na história do futsal brasileiro.
Como atleta, jogando de ala/fixo, não teve o mesmo brilho que desfruta na atual posição. No Rio Grande do Sul, passou pelo Galera, de Nova Prata.
Para entrar com força na carreira de treinador, buscou qualificação. Graduou-se em Educação Física em 1999. Em 2024, completou o ciclo acadêmico ao se tornar doutor em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Consolidação
O "professor Marquinhos" despontou no comando da Copagril, de Marechel Cândido Rondon. Chegou à final da Liga Nacional de Futsal (LNF) em 2010, quando acabou perdendo para o Jaraguá. O trabalho à frente do time paranaense despertou o interesse da ACBF, que o contratou em 2014.
— O treinador já demonstrava um trabalho consistente há alguns anos, chamando a nossa atenção e de diversos especialistas da modalidade. A final da LNF em 2010 mostrou a capacidade dele de liderar equipes de alto nível — comenta o então presidente e atual gestor executivo da ACBF, Francis Berté.
A partir deste momento, veio a consolidação com as conquistas da LNF em 2015, da Taça Brasil em 2016, e da Libertadores em 2017, 2018 e 2019, além de títulos estaduais. Jogadores que passaram pela ACBF nesse período vitorioso estão na seleção brasileira no Mundial do Uzbequistão, como Marlon, Felipe Valério, Rafa Santos e Pito.
— O meu destaque vai para a conquista da Liga Nacional de 2015. Começamos totalmente desacreditados por conta dos fracassos da temporada anterior. Passamos por uma grande reformulação da equipe, tanto de atletas quanto na comissão técnica. O saldo foi totalmente positivo, finalizando a temporada com a conquista do Estadual e da Liga Nacional de Futsal — lembra Berté.
O atual presidente da Laranja Mecânica de Carlos Barbosa, Bolívar Zuanazzi, que trabalhou com Xavier em 2018 e 2019, destaca três características do técnico que chamam a sua atenção:
— Ele é intenso na preparação da equipe, mantendo o controle do vestiário. Estuda muito a equipe adversária, estabelecendo as melhores estratégias de enfrentamento, e não deixa de ser um grande motivador.
Antes de treinar a ACBF, Marquinhos Xavier passou pelo Horizontina, em 2008. Mesmo sem um trabalho de repercussão, deixou ótimos impressões em quem o acompanhou na época.
— Ele foi contratado em 2008, ano em que o nosso patrocínio diminuiu bastante. Mesmo assim, se mostrou um estudioso do futsal e com grande capacidade de executar os treinamentos. Tinha fácil relacionamento com os jogadores, torcida e dirigentes. Merece ser treinador da seleção brasileira pelo conhecimento que tem — comenta Luiz Carlos Stein, presidente do Horizontina na época.
Marquinhos Xavier assumiu a seleção brasileira em julho de 2017. Por cerca de dois anos, trabalhou de forma paralela na ACBF. O "gaúcho honorário" está na segunda Copa do Mundo de Futsal à frente do Brasil. Em 2021, na Lituânia, conduziu o país até o terceiro lugar. Em 2024, enfrenta a Ucrânia nesta quarta-feira (2), ao meio-dia, pela semifinal, no Uzbequistão.
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