A partida contra o Colo-Colo, neste domingo (15), além de valer vaga para a semifinal da Libertadores Feminina, tem um aspecto especial para Bruna Benites. É a véspera de aniversário de 38 anos da zagueira e capitã do Inter. Para que a segunda-feira seja de festividades, tudo passa pelo jogo do Estádio Pascual Guerrero.
No Inter desde 2019, Bruna Benites já entrou em campo com a camisa colorada em 111 oportunidades. Balançou as redes por 1o vezes, duas nesta temporada. Entre vitórias e derrotas, ela tem oportunidade de fazer história, mais uma vez, ao lado da equipe que vive sua primeira Libertadores. Antes desta decisão, a capitã conversou com a reportagem de GZH na concentração em Cali.
Como capitã e atleta, como é viver este momento de quartas de final, a partir de um aproveitamento de 100% na fase de grupos?
Depois do sorteio, todo mundo falava sobre o grupo da morte. A gente sabia que seria difícil, mas tínhamos uma total confiança no trabalho. E é importante você fazer uma primeira fase em um grupo difícil, é uma competição de tiro curto, importante você jogar contra adversários difíceis, já que na segunda fase é mata-mata e você já vem de três batalhas. Então, a gente já está em uma pegada, né. Para nós, foi uma experiência muito boa, muito positiva. A gente conseguiu fazer bons jogos. Estamos analisando as partidas, tirando o que a gente tem feito de bom e tentando corrigir o que a gente não está fazendo de tão bom. O jogo vai ser mais uma pedreira, mas estamos bem preparadas, bem motivadas, acertando os detalhes para fazer um grande jogo.
O Colo-Colo é uma equipe que sabe jogar a Copa Libertadores. É o time que tem mais participações. Como vocês pretendem superar esta adversária?
O Colo-Colo merece todo o nosso respeito. É uma equipe que sabe jogar a competição, tem uma treinadora (Tatiele Silveira) que conhece a gente, é brasileira. E também faz um excelente trabalho. Temos é que procurar fazer o que nós fazemos de bom. Com excelência e minimizar nossos erros. Eu acho que essa é a chave do jogo. Vai ser um jogo que vai ser decidido em detalhes. É fazer um jogo de excelência.
Na primeira fase, o time teve um equilíbrio em relação ao ataque e à defesa. Foram 12 gols marcados e apenas dois sofridos. Como você avalia estes números e o desempenho da equipe?
Eu acho que o segredo é que todas nós entendemos que nós precisamos dar o nosso melhor para fazer jogo acontecer. A gente não é uma equipe de estrelas, nós somos uma equipe em que todo o mundo precisa dar o seu 100%. Todo mundo precisa estar no seu melhor para que as coisas possam acontecer. Então, é manter o equilíbrio, manter o foco. Eu sei que se eu não fizer o meu 100%, alguém vai ter que fazer dobrado. Então, acho que todo mundo tem essa consciência e é isso que a gente aplica durante os jogos.
Nós ouvimos muito ao longo de entrevistas com a comissão técnica e também com as jogadoras sobre a mentalidade vencedora do grupo, especialmente para essa Copa Libertadores. O quanto que isso fez a diferença até aqui?
Dentro do esporte, eu falei isso recentemente, você não tem espaço para dois, né? Então, quando você está ali, dentro do campo, você tem um adversário, e se você não não "matar" seu adversário, ele te "mata". Então acho que não tem como pensar de outra maneira. A gente vive cada jogo como uma decisão. Nos jogos da fase de classificação, a gente sempre entra no campo sabendo que aquilo ali está nos preparando para o nosso objetivo, que é chegar mais longe. Então acho que o grupo assimilou isso. O Lucas (Piccinato, técnico) também tem uma parcela muito grande nisso. Ele é um cara muito intenso, muito sanguíneo e fala isso o tempo inteiro. A gente que já estava aqui sempre batia nessa tecla, e as meninas que chegaram agora conseguiram assimilar isso muito rápido. A gente sabia que seria um desafio muito grande para nós, pelo fato da equipe ser muito jovem, de ser a primeira vez na competição e por cair num grupo difícil. Então, nós sabíamos que ou a gente entrava para dar o nosso 100% ali ou se a gente não fizesse isso, a gente não conseguiria os resultados e o grupo entendeu essa, essa ideia e abraçou. Então, a gente vem, vem ganhando lastro de maturidade ao longo da competição. Eu acho que daqui pro final do ano a equipe vai evoluir muito ainda.
Levando em conta todos esses aspectos que você citou e também com toda a tua experiência, o que será mais decisivo para esse jogo contra o Colo-Colo?
É o foco. Nestes jogos de de mata-mata, quem vai levar é a equipe que errar menos. A gente sabe que, obviamente, vamos errar. São muitos minutos jogando, não tem como você ser perfeito. Mas é saber reagir ao erro, e reagir de maneira positiva. A gente sempre conversa sobre todos cenários. Se a gente sair ganhando, como é que vai ser, se a gente sair perdendo, como é que vai ser, Se até determinado ponto do jogo o jogo tiver, sei lá, num placar ou em outro placar, como que a gente vai reagir. E a gente sabe que, independentemente da situação, nós precisamos reagir. A gente precisa é jogar o nosso jogo, fazer o que a gente treina. Então, eu acho que o que vai decidir o jogo é isso. É manter o nosso foco 100% ali. Manter o plano, acreditar no plano e botar ele em prática, que é isso que a gente tem feito durante a competição.
Nesta segunda-feira, você está de aniversário. Imagino que o melhor presente seria a classificação. Mas, o que a Bruna Benites espera estar fazendo nesta mesma data no próximo ano?
Eu tenho contrato com o Inter até 2024. Então, eu espero que nessa mesma data eu possa estar na Libertadores do ano que vem (risos). Estou bastante feliz por estar aqui, por poder comemorar mais um ano de vida, abrir mais um ciclo de vida nessa competição que é muito especial para o clube, principalmente porque é a primeira. Eu espero que na segunda-feira possa estar com um sorriso largo, bem feliz e descansando para a próxima batalha.