Restam 50 dias para o início da Copa do Mundo Feminina. Em sua nona edição, a competição chega com diversas novidades e com a expectativa de ser um evento histórico para a modalidade. Entre julho e agosto, na Austrália e na Nova Zelândia, 32 seleções irão em busca da tão sonhada taça.
Desde a primeira edição em 1991, apenas quatro equipes tiveram a oportunidade de atingir o lugar mais alto do pódio. No hall das campeãs, há destaques individuais entre os países que, por exemplo, venceram o torneio em mais de uma oportunidade. GZH relembra as campeãs de cada uma das oito edições disputadas.
1991 - China
Campeã: Estados Unidos
Vice-campeã: Noruega
Terceiro lugar: Suécia
Antes de recordar um momento de glória é preciso contextualizar a situação da modalidade antes da primeira Copa do Mundo. No Brasil, em 14 de abril de 1941, um decreto-lei durante a Era Vargas, proibiu a prática do futebol por mulheres. A imposição durou até 1979. No entanto, a regulamentação do esporte pela CBD e CBF só ocorreu em 1983.
Antecedendo o torneio na China, a primeira competição organizada pela Fifa foi em 1988, o chamado Torneio Internacional de Futebol Feminino, em Guangdong. O evento foi uma preliminar para a Copa. O início da história dos Mundiais, em 1991, se entrelaça com a construção da série vitoriosa dos Estados Unidos.
No evento inaugural, apenas 12 seleções competiram. As campeãs foram sorteadas no Grupo B, com Brasil, Suécia e Japão. Na primeira fase, as norte-americanas terminaram de forma invicta. Foram três vitórias, em três jogos disputados. Nos mata-matas, passou com facilidade sobre o Taipé Chinês, com goleada por 7 a 0. Nas semifinais, eliminou a Alemanha por 5 a 2.
A decisão do título foi contra a Noruega, que havia eliminado a Suécia na etapa anterior e vencido o torneio internacional. O favoritismo norueguês não se concretizou. Na final, Michelle Akers marcou os dois gols, na vitória por 2 a 1, garantindo o título aos Estados Unidos. A meio-campista terminou como artilheira da primeira Copa do Mundo, com 10 gols.
1995 - Suécia
Campeã: Noruega
Vice-campeã: Alemanha
Terceiro lugar: Estados Unidos
A edição seguinte seria o ano da redenção da Noruega. Depois do vice-campeonato, a seleção eliminou os Estados Unidos nas semifinais, com uma vitória simples de 1 a 0. O título foi carimbado diante da Alemanha, pelo placar de 2 a 0.
Uma das remanescentes e destaques daquela conquista segue na equipe, mas em nova função. Hege Riise recebeu a Bola de Ouro e a Chuteira de Prata na edição de 1995. Agora, ela está à frente da Seleção da Noruega para buscar a repetição do feito pelo seu país.
1999 - Estados Unidos
Campeã: Estados Unidos
Vice-campeã: China
Terceiro lugar: Brasil
A Copa realizada nos Estados Unidos representou um novo patamar para a competição. Segundo registros da Fifa, 1.194 milhão de pessoas acompanharam as partidas nos estádios. Recorde que ficou estabelecido até a edição de 2015.
Grande parte público foi impulsionado pelas históricas "99ers". Além dos resultados construídos dentro de campo, a geração americana impactou uma nova safra de jogadoras e o desenvolvimento de oportunidades para que estas se tornassem profissionais.
O principal feito está na finalíssima. Depois de um 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, os Estados Unidos superaram a China nos pênaltis, por 5 a 4. A vitória atraiu a atenção do mundo todo e fez com que a mídia acompanhasse o esporte de uma forma diferente.
Para a Seleção Brasileira, a campanha de 1999 está entre os melhores desempenhos na competição.
2003 - Estados Unidos
Campeã: Alemanha
Vice-campeã: Suécia
Terceiro lugar: Estados Unidos
Inicialmente, a sede do Mundial seria a China. Em virtude de problemas de uma síndrome respiratória aguda grave ocorridos no país, o evento foi transferido para os Estados Unidos.
Antes de a bola começar a rolar, a seleção norte-americana, atual campeã, chegava como a principal candidata ao título. No entanto, o favoritismo não se confirmou. O time acabou caindo na fase de semifinais para a Alemanha, que esbanjou eficiência no ataque.
A campanha até o jogo do título, teve a goleada sobre a Rússia, por 7 a 1, nas quartas. Nas semifinais, aplicou 3 a 0 sobre o Estados Unidos. Na final, a decisão foi diante da Suécia. Com gol marcado aos 41 minutos, a Suécia largou na frente com Hanna Ljungberg. Cinco minutos depois, Maren Meinert deixou tudo igual. Já na prorrogação, Nia Kuenzer, que deixou o banco de reservas, deu a virada e o título inédito à Alemanha.
2007 - China
Campeã: Alemanha
Vice-campeã: Brasil
Terceiro lugar: Estados Unidos
O Mundial de 2007 é de recordações marcantes para alemãs e brasileiras. As seleções, que protagonizaram a final, levam a edição como um dos seus melhores rendimentos durante as últimas edições.
Pelo lado brasileiro, a chegada até a final é, até o presente momento, a melhor colocação em todas as participações. Para atingir tal feito, a Seleção passou na primeira colocação em uma chave com China, Dinamarca e Nova Zelândia, e deixou pelo caminho a Austrália e Estados Unidos.
A classificação para a final, em Xangai, representou um momento histórico: era a primeira vez que o Brasil chegava até uma decisão de título em Copa do Mundo. Pela frente, teve a forte seleção alemã.
Na partida derradeira em Xangai, depois de um primeiro tempo em 0 a 0, a volta do intervalo foi desastrosa para o Brasil. Logo aos sete minutos, em uma falha da defesa brasileira, Birgit Prinz marcou. Minutos depois, Marta teve a chance do empate, mas desperdiçou a penalidade. Aos 41 minutos, Laudehr marcou o segundo gol e decretou a festa germânica.
Apesar da perda do título, Marta, a camisa 10 do Brasil, foi a artilheira da Copa de 2007, com sete gols, e escolhida a melhor jogadora do torneio. Já as alemãs garantiram o bicampeonato de forma consecutiva.
2011 - Alemanha
Campeã: Japão
Vice-campeã: Estados Unidos
Terceiro lugar: Suécia
Com um enredo muito parecido ao Mundial de 2003, as atuais campeãs não conseguiram confirmar o título jogando em seus domínios. Mais do que isso, a Alemanha caiu no primeiro mata-mata.
A campanha do título do Japão começou justamente na situação de insucesso das alemãs. Na fase de quartas de final, Karina Maruyama marcou, nos acréscimos, o gol da classificação. Nas semifinais, as japonesas passaram pela Suécia, com um triunfo de 3 a 1.
A briga pela taça reservou o duelo entre Japão e Estados Unidos. Depois de um 2 a 2 em tempo normal e prorrogação, a vitória por 3 a 1 determinou o primeiro título asiático na Copa do Mundo Feminina.
A campanha das japonesas entrou para as estatísticas históricas. Nenhuma equipe consagrou-se campeã com tão poucos gols (12) e sofrendo tantos (seis).
2015 - Canadá
Campeã: Estados Unidos
Vice-campeã: Japão
Terceiro lugar: Inglaterra
A edição de 2015 ficou marcada como a primeira edição com 24 seleções — oito a mais do que o Mundial anterior. Além disso, tem o recorde do maior número de gols em um jogo de título.
Apesar do placar elástico na final, a campanha dos EUA começou de forma lenta. Na etapa inicial, foram duas vitórias e um empate. No primeiro mata, nas oitavas de final, passou pela Colômbia, com um resultado de 2 a 0. Na fase seguinte, o placar simples de 1 a 0 sobre a China garantiu a vaga para às semifinais.
A finalíssima reservou a reedição da decisão de 2011. Mas, desta vez, os Estados Unidos superaram o Japão com uma goleada por 5 a 2, tornaram-se as maiores vencedoras do Mundial com três títulos.
2019 - França
Campeã: Estados Unidos
Vice-campeã: Holanda
Terceiro lugar: Suécia
Com 18 gols em três rodadas durante a fase de grupos, os Estados Unidos abriram o caminho para o título com um ataque decisivo e o protagonismo de Megan Rapinoe.
Nos mata-matas, as norte-americanas deixaram pelo caminho as principais seleções epopeias: Espanha, nas oitavas, França, nas quartas, e Inglaterra, nas semis. A decisão do título foi contra a Holanda.
Com os gols de Megan Rapinoe, de pênalti, e Rose Lavelle, os Estados Unidos venceram as holandesas e garantiram o quarto título, tornando-se as maiores vencedoras em edições de Copa do Mundo Feminina.
O Mundial de 2019 também é considerado um marco em termos de alcance e engajamento de audiência. De acordo com a Fifa, a competição foi vista pela TV por 1,12 bilhão de pessoas. Além disso, a final entre Estados Unidos e Holanda foi o jogo de maior audiência média, com mais 82 milhões de espectadores — contra 52 milhões em 2015.
Campeãs por edições
- 1991 - Estados Unidos
- 1995 - Noruega
- 1999 - Estados Unidos
- 2003 - Alemanha
- 2007 - Alemanha
- 2011 - Japão
- 2015 - Estados Unidos
- 2019 - Estados Unidos
Maiores campeãs
- Estados Unidos - 4 vezes (1991, 1999, 2015 e 2019)
- Alemanha - 2 vezes (2003 e 2007)
- Noruega - 1 vez (1995)
- Japão - 1 vez (2011)