O Botafogo fez história no Brasileirão 2023. Infelizmente, não como a torcida esperava. Depois de terminar o primeiro turno com a maior pontuação já alcançada por um clube — 47 pontos no total — e começar o returno com uma larga vantagem, a equipe carioca caiu de rendimento, emendou 10 jogos sem vitória na reta final e, na última rodada, contra o Inter, pode conquistar no máximo uma vaga direta à Libertadores.
Sob o comando John Textor, dono da SAF do Botafogo, o time do Rio de Janeiro teve um ano conturbado. Depois de uma eliminação precoce no Campeonato Carioca, o elenco se reagrupou, tendo Luís Castro na casamata, e se impôs no campeonato nacional. Quando o técnico português aceitou a proposta do Al Nassr, de Cristiano Ronaldo, eram sete pontos de vantagem na liderança. O interinato de Cláudio Caçapa aumentou a distância para 12.
— O Botafogo fez uma campanha histórica no primeiro turno, muito pelo trabalho do Luís Castro, que soube explorar o melhor do elenco que tinha em mãos. Adotou um modelo de jogo que funcionou e que levou o time ao topo. Com a sua saída, o time descaracterizou depois, embora não tenha dado sinais logo nos primeiros jogos sem ele — destaca Jéssica Maldonado, setorista do Botafogo no ge.globo.
Cabe a Textor tomar as decisões sobre o futebol do Botafogo. E ele tomou. Decidiu tirar Caçapa e buscar um outro treinador português. Bruno Lage chegou amparado por um bom trabalho no Benfica, além de uma passagem pela Premier League. A relação com os jogadores parece não ter dado liga. A mudança na forma de atuar, por óbvio, contribuiu.
Demitido, Lage deu lugar a Lúcio Flávio, bem recebido pelos atletas. A queda vertiginosa, no entanto, não foi estancada. Quem acompanha o dia a dia do alvinegro aponta outros fatores importantes no fracasso botafoguense.
— É um conjunto. Uma coisa levou a outra. A diretoria teve um papel gigante nessa queda. O Botafogo criou um conceito de "contra tudo e contra todos". Isso foi trazido pela diretoria. O clube abriu fogo contra a CBF e a arbitragem. Isso criou uma situação extremamente negativa. Essa guerra fez mal ao Botafogo. Faltou olhar para si próprio e corrigir os defeitos — pontuou Thiago Veras, da Super Rádio Tupi.
A opinião é corroborada por Jéssica Maldonado, que acrescenta ainda o fator mental:
— Faltou emocional para suportar as mudanças, a pressão pelo título que estava perto e autocrítica quando os resultados não estavam aparecendo. Além de ter encarado a arbitragem como um 20º adversário na competição.
Textor parece ter decidido aumentar a aposta contra a CBF. Nesta terça-feira (5), o jornalista André Rizek, dos canais SporTV, informou que o empresário irá entrar na Justiça Comum, com o objetivo de provar que ouve manipulação de resultados no Brasileirão.
Tudo isso faz com que o Botafogo, que sonhou em sair da fila que vem desde 1995, tenha de se contentar apenas com uma vaga na Libertadores. Para entrar na fase de grupos, só a vitória interessa, além de precisar de um tropeço de Grêmio ou Flamengo ou Atlético-MG.
Nem a calma de Tiago Nunes, com contrato até dezembro de 2025, parece ser capaz de dar jeito no Botafogo. Se a temporada de 2023 servirá como aprendizado só o futuro poderá dizer.