Os 20 clubes da Série A decidiram apoiar a nova MP do Futebol. A Medida Provisória publicada no último dia 18 modifica as regras de transmissão das partidas em jogos no Brasil. Nela, fica determinado que os direitos pertencem ao clube mandante. Anteriormente, ambos times envolvidos na partida precisavam ter um contrato ou acordo com a mesma emissora.
No entanto, apesar da aprovação recente, Grêmio e Inter foram contrários à MP. Além da dupla Gre-Nal, outros dois clubes também não aprovaram a MP do Futebol em reunião virtual da Comissão Nacional de Clubes realizada na última segunda (29).
— Muitos clubes até concordam com o mérito, mas não com a forma — relatou Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.
Esta foi a posição do Inter. O próprio presidente Marcelo Medeiros citou isto em entrevista a GaúchaZH na última terça (30). Na mesma reunião ficou decidido que, independente dos votos contra e a favor, os clubes tomariam decisões conjuntas. Ou seja, mesmo que a eleição tenha tido 16 votos favoráveis à MP do Futebol e 4 contrários, o voto da maioria seria o posicionamento unânime. Este teria como porta-voz Guilherme Bellintani, presidente do Bahia.
— O Fortaleza é a favor da MP. Nos movimentamos em grupo mesmo com votos contrários por uma questão matemática. O modelo funciona melhor em grupo. Sozinho você só tem 19 jogos para vender — disse Paz.
— Ele (Guilherme Bellintani) é o nosso representante há algum tempo. É um cara muito bom e articulado. Ele se mostrava muito conhecedor das leis. Ele tem uma penetração boa junto com alguns deputados e políticos e foi eleito o porta-voz por uma série de razões. O grupo dos presidentes da Série A se reúne com constância e troca algumas ideias. Ele foi eleito bem antes desta reunião com o Bolsonaro. O Guilherme Bellintani é o mais apropriado para defender os interesses dos clubes — destacou Marcelo Leal, presidente do Goiás.
A reunião de oito clubes da Série A com Jair Bolsonaro não tinha como pauta principal a MP do Futebol, mas Bellintani citou o acordado no encontro. Agora, os clubes da primeira divisão querem que o debate seja ampliado e outras medidas entrem na pauta.
— Eu ainda não tenho uma opinião formada. Estão politizando a MP do Futebol — comentou Milton Bivar, presidente do Sport.
Uma das principais preocupações dos dirigentes é quanto à legislação. Recentemente, jogadores entraram na Justiça comum alegando pagamento de horas extras por trabalho aos finais de semana e adicional noturno. Esta é uma das principais preocupações atuais dos presidentes.
— Eu acho um absurdo jogador ser diferente no Brasil. Eles têm contratos faraônicos. A maioria dos jogadores ganha menos de R$ 10 mil no Brasil, uns 80% e nós protegeríamos ele. Seria uma legislação só para quem ganhasse mais que isso. Queremos discutir uma legislação própria para o futebol. O futebol se joga no domingo, se joga à noite, é diferente. O jogador não pode ser tratado como um trabalhador normal. Essas são demandas que precisamos discutir no futuro. No geral, os dirigentes são muito mal vistos e hoje isto está mudando. Hoje isso está mudando e muitos clubes têm uma administração séria — disse Adson Batista, presidente do Atlético-GO.
O embate entre clubes e televisão deve ter novos capítulos nos próximos dias. Afinal, a MP só é válida por 120 dias. Depois disso, para virar lei, precisa ser aprovada no Congresso. A partir daí, as equipes acreditam que o diálogo possa ser ampliado para novas áreas, tais como a legislação futebolística.