O Brasil é tido como referência de empreendedorismo no mundo. O país ocupa a quinta posição na América Latina e no Caribe, conforme aponta pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2021, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP).
O levantamento indica que os pequenos negócios continuam desempenhando importante papel na economia nacional. Esse sonho de ter o próprio empreendimento e tirar as ideias do papel é proporcionado desde a base da formação, impulsionado, muitas vezes, pelas instituições de Ensino Superior.
Uma iniciativa interessante é a Trilha do Empreendedor, da Feevale, para estimular capacidades criativas. Ao longo de todo o percurso da graduação, os estudantes contam com uma série de programas, projetos e atividades que os preparam para os desafios do mercado de trabalho. Além de disciplinas livres e optativas, há atividades promovidas pelo Feevale Techpark, com visitas técnicas, projetos de pesquisa e extensão, programas de mentoria, hackathons, desafios e projetos integrados.
— A proposta é plantar uma semente de intraempreendedorismo na mente dos graduandos, para carreira ou para vida pessoal, transformando seus sonhos em negócios — ressalta a diretora de Inovação da Feevale, Daiana de Leonço Monzon.
Ela destaca o recente caso de um aluno do curso de Quiropraxia. Em sala de aula, ele desenvolveu o protótipo de um instrumento de tração para coluna vertebral. A ideia está agora na fase de pré-incubação.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), há o Programa de Empreendedorismo. O propósito é trabalhar competências empreendedoras na geração de novos negócios e na formação de agentes de mudança no ecossistema de inovação.
Diretora do Parque Zenit da UFRGS, Elizabeth Ritter comenta que os graduandos recebem uma capacitação para aprender a montar um plano de negócio, proporcionado pelo Núcleo de Empreendedorismo Inovador. Caso possuam algo mais estruturado, podem participar da Maratona de Empreendedorismo, tendo como premiação a incubação ou associação ao Zenit. A universidade conta com 80 empresas criadas e desenvolvidas nas áreas de biotecnologia, engenharia, serviços e tecnologia da informação.
Um dos exemplos de ideias que saíram do papel surgiu a partir de uma necessidade interna da instituição. Criado por alunos da graduação de Engenharias Mecânica e Física, o projeto Pass Drive visa melhorar o deslocamento diário dos estudantes para que tenham mais conforto, segurança, agilidade e controle na sua rotina. As corridas com vans escolares - registradas na prefeitura - interligam os campi da UFRGS, com embarques dentro dos estacionamentos.
Interações com empresas
Na Unisinos, os alunos desenvolvem suas ideias no Parque Tecnológico São Leopoldo (Tecnosinos), a partir das experiências inovadoras conduzidas na incubadora e nas interações com empreendedores. Os estudantes participam de desafios de inovação aberta, capacitações ou participação em concursos ou prêmios de empreendedorismo, como o Prêmio Roser, que proporciona oportunidades para vivenciar a experiência empreendedora ou, de fato, empreender.
Segundo o gestor executivo do Tecnosinos, Silvio Bitencourt da Silva, as interações ocorrem em decorrência de palestras que permitem compreender o trabalho ou em visitas técnicas às empresas como forma de conhecer na prática os conteúdos.
— Se torna uma extensão da sala de aula, onde se criam condições de aprender em situações do mundo real — frisa.
No caso da Atitus Educação, a sua metodologia de ensino se baseia em três pilares: modelo acadêmico inovador, ecossistema em conexão com o mercado e jornada preditiva do aluno. Todas essas ações são inter-relacionadas na graduação.
A Atitus é uma das fundadoras do Instituto Caldeira, em Porto Alegre. A proposta é proporcionar aos seus alunos um envolvimento neste hub de inovação. Em especial, o curso de Ciência da Computação possui uma formação com direcionamento ainda maior para o mercado de trabalho, com disciplinas construídas em parceria com grandes corporações, como Google, Oracle e Amazon Web Services (AWS).
— É uma forma de conectá-los tanto com startups quanto com grandes empresas — salienta o vice-presidente executivo de Inovação da Atitus Educação, Daniel Quintana Sperb.