Fazer uma segunda graduação pode significar muito mais do que a busca pela mudança de profissão ou carreira. Um outro diploma pode ser visto como um diferencial no mercado de trabalho para quem o faz com a intenção de ampliar o currículo. Com duas formações, o profissional pode usar esse fator como diferencial competitivo ou, ainda, ofertar serviços diferenciados, fazendo com que o primeiro curso potencialize e complemente o primeiro.
Angelita Renck Gerhardt, pró-reitora de Ensino da Universidade Feevale, explica que é cada vez mais importante a atuação interdisciplinar, com conhecimentos amplos e transversais. É necessária para a resolução de problemas e demandas cada vez mais complexas. Desta forma, a segunda graduação pode ser o principal meio para desenvolver essas competências.
— Por exemplo, um engenheiro formado em Administração tem mais condições de assumir a gestão de negócios ou de empresas. Um advogado contador terá mais amplitude de atuação e competências na área tributária. Um educador físico nutricionista poderá oferecer serviços diferenciados e focar públicos específicos. Um economista, ao cursar Jornalismo, pode criar conteúdo técnico especializado e atuar com consultoria — exemplifica.
Luciane Wolff, professora nas graduações em Administração e em Psicologia e também coordenadora do MBA em gestão de pessoas na Unisinos, explica que na hora de tomar a decisão é preciso ver qual é o foco na aprendizagem: tornar-se mais especialista; ampliar repertório técnico, conceitual e de experiência no que a pessoa já faz; ou se é preciso ampliar o repertório mais generalista. Ela cita a própria carreira como exemplo: formou-se em Administração, começou a trabalhar com gestão de pessoas e depois formou-se em Psicologia, que a especializou no assunto.
— Uma segunda graduação serve para aprofundar repertório técnico, conceitual e de experiência na profissão que tu já tens, ou para começar a construir uma mudança de área — pontua.
Ela explica que vê como um fenômeno atual a graduação continuada, ou seja, independentemente de escolher uma segunda graduação ou pós, por exemplo, o profissional será constantemente desafiado no âmbito profissional:
— Ela é permanente, seja formal, na universidade, ou de forma paralela em vários locais em que se tem para estudar hoje. Mas entendo a segunda graduação como oportunidade dessa educação continuada, seja pelo viés de manter-se relevante na carreira, pela possibilidade de trocar de carreira ou por ter tempo para estudar o que sempre quis.
O que levar em conta
Pretensões, tempo e investimentos possíveis são fatores a serem ponderados na hora de escolher uma segunda graduação. Conforme o curso, também é preciso considerar períodos de estágio. Teste vocacional é um dos conselhos de Angelita. Vale também para quem busca mudanças na carreira.
Benefícios
As instituições de ensino costumam ofertar benefícios para quem já se formou em outro curso. Em instituições privadas, por exemplo, é comum a oferta de desconto nas matérias. Há também a possibilidade de ingresso como portador de diploma e, nesses casos, não há necessidade de participar de processo seletivo. Também é comum ofertar aproveitamento de disciplinas que foram cursadas na primeira graduação.