O número de ingressantes em cursos superiores de graduação a distância cresceu 474% em 10 anos no Brasil. Em 2011, eram cerca de 431,5 mil novos estudantes matriculados nesta modalidade e, em 2021, foram mais de 2,4 milhões. Por outro lado, a quantidade de novos alunos em cursos presenciais vem diminuindo gradativamente, tendo registrado no ano passado o menor valor da série histórica da última década.
Os dados são do Censo da Educação Superior 2021 e foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC) em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (4), em Brasília, no Distrito Federal.
No início da apresentação dos dados, Carlos Eduardo Moreno Sampaio, presidente do Inep, destacou as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) e os desafios para a expansão do Ensino Superior no Brasil. Em seguida, citou os resultados gerais da pesquisa.
Em 2021, o país contava com 2.574 instituições de Ensino Superior, sendo 2.261 privadas e 313 públicas. De acordo com o levantamento, a oferta de vagas em cursos de graduação a distância aumentou 23,8% de 2020 para 2021, enquanto as oportunidades presenciais diminuíram 2,8% no mesmo período. Os números apontam que o crescimento do ensino a distância (EAD) nas instituições ganhou mais força a partir de 2018: em 2017, eram 4.703.834 vagas e, no ano passado, foram 16.736.850.
Do total de vagas ofertadas em 2021, somente 3,9 milhões foram ocupadas por ingressantes. E, impulsionados pela ampla oferta na rede privada, 63% dos ingressos (2.477.374) foram para ensino a distância, contra 37% (1.467.523) para a modalidade presencial. Em comparação com 2020, houve um aumento de 23,3% no ingresso EAD e uma queda de 16,4% no presencial.
Ao olhar a série histórica a partir de 2011, contudo, as diferenças são ainda mais significativas e confirmam a tendência de crescimento do ensino a distância: enquanto a modalidade aumentou mais de 400% em uma década, a presencial diminuiu 23,3%. Em relação ao número total de matriculados, que em 2021 chegou a 8.986.554 nas redes privada e pública, também é possível observar um importante avanço do ensino a distância. Em 2011, a modalidade EAD representava 14,7% das matrículas de graduação, enquanto, no ano passado, já representava mais de 41%.
Atualmente, o Brasil conta com 7.620 cursos a distância, distribuídos entre 450 instituições privadas e 109 públicas, que oferecem mais de 16,7 milhões de vagas.
Para o presidente do Inep, os resultados apontam, de forma concreta, para qual direção caminha a educação superior brasileira e demandam reflexões sobre modelos e políticas educacionais:
— Precisamos avaliar se é nessa direção que queremos crescer. O censo traz essa provocação, e os resultados nos colocam diante de um cenário apropriado para essa reflexão, além de possibilitar que as perguntas sejam respondidas com bases objetivas e concretas.
Entretanto, na avaliação de Sampaio, há aspectos positivos na expansão da modalidade EAD, como o aumento no número de alunos em cursos de graduação e a possibilidade de o Ensino Superior ser cursado em todo o território nacional.
— Mesmo sob um contexto extremamente delicado, a pandemia nos fez consolidar a compreensão de que a educação a distância pode ser eficiente, desde que seja de qualidade — afirmou, ressaltando que a supervisão, a regulação e a avaliação “passam a ser essenciais para induzir à melhoria dos cursos”.
Transmitido ao vivo pelo YouTube, o evento de divulgação dos dados também contou com a presença do secretário adjunto da Educação Superior, Eduardo Gomes Salgado; do secretário de Educação Básica, Mauro Luiz Rabelo; do diretor da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, Vandir Cassiano; e da coordenadora-geral do Censo da Educação Superior, Kátia Cristina da Silva Vaz.
Sobre o Censo da Educação Superior
Realizada anualmente pelo Inep, a pesquisa oferece dados sobre as instituições de Ensino Superior do Brasil que ofertam cursos de graduação e sequenciais de formação específica, bem como sobre seus alunos e docentes. De acordo com o instituto, o levantamento utiliza as informações do cadastro do Sistema e-MEC, em que são mantidos os registros de todas as instituições, seus cursos e locais de oferta. A partir disso, coleta dados sobre infraestrutura das instituições, vagas oferecidas, candidatos, matrículas, ingressantes, concluintes e docentes, nas diferentes formas de organização acadêmica e categoria administrativa.
O objetivo da pesquisa estatística é oferecer informações detalhadas sobre a situação e as tendências da educação superior brasileira, assim como guiar as políticas públicas do setor. Após a divulgação, as informações passam a figurar como dados oficiais do nível educacional. Além de subsidiar a formulação, o monitoramento e a avaliação de políticas públicas da educação superior, o censo contribui para o cálculo de indicadores de qualidade, como o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC).