A primeira manhã após o retorno da obrigatoriedade do uso de máscara para crianças de três anos ou mais foi de adesão ao regramento nas escolas da Capital. Nesta segunda-feira (7), na entrada de instituições como o Colégio Marista Rosário e a Escola Estadual Rio de Janeiro, por exemplo, a quase totalidade dos alunos acessava os prédios vestindo a proteção – mesmo em casos em os pais não eram totalmente favoráveis à regra.
No sábado, a Justiça concedeu liminar em caráter de urgência, suspendendo o decreto do governo do Estado que desobrigava o uso de máscara para crianças menores de 12 anos. A ação civil pública foi movida pela Associação Mães e Pais pela Democracia e pedia o retorno da obrigatoriedade da proteção para todas as crianças a partir dos três anos de idade, com base na Lei Nacional que faz esta previsão.
No Rosário, apenas uma criança foi vista entrando sem máscara no tempo em que a reportagem de GZH esteve lá, nesta manhã. A maioria dos pais apoia o uso do apetrecho.
– Acho que ainda é muito cedo para flexibilizar tanto, por isso estou mantendo com máscara. Só podia tirar em ambiente aberto, como o pátio, por exemplo, durante o exercício – relata a nutricionista Luciana Kalil, 39 anos.
Segundo Luciana, a maioria dos colegas do filho Inácio, seis anos, manteve a máscara em ambientes fechados, mesmo com a liberação na semana passada.
A engenheira civil Sheila Wendt, 45 anos, considera o uso da máscara um esforço pequeno diante do contexto pandêmico.
– Meu filho tem nove anos e ele, por iniciativa própria, quis seguir usando, porque disse que não queria ficar doente. Nós seguimos as recomendações gerais dos médicos, porque entendemos que é melhor prevenir do que remediar – analisa a mãe de Bruno.
O médico Daniel Azambuja, 48 anos, que é pai dos alunos Vicente, oito, e Pedro, dez, por outro lado, acredita que não haveria prejuízo em retirar a máscara das crianças.
– As crianças são um grupo com menor incidência de covid-19, inclusive da variante Ômicron. Elas estão aí brincando nas praças sem máscara e em sala de aula seguem com esse problema – crítica Daniel, que, na semana passada, levou os filhos sem máscara para o colégio. Nesta segunda, no entanto, eles usavam o apetrecho.
Opção pela máscara
Na Escola Estadual Rio de Janeiro, no bairro Cidade Baixa, conforme a diretora Silvia Fernandes, mesmo com a desobrigação do uso na semana passada, as famílias optaram por mandar as crianças com a proteção.
– Quando a nova regra saiu, eu mandei um comunicado para os pais pelo WhatsApp de que a escola sugeria que se continuasse com o uso. O retorno que eu tive foi de que os alunos iam continuar usando e eles realmente seguiram usando normalmente – pontua Silvia.
De fato, no pátio e nos corredores da escola, os estudantes vestiam a proteção – às vezes de forma inadequada, quando, então, eram alertados pela diretora. Entre as mães ouvidas pela reportagem, a importância da máscara era consenso.
– Para eles, que recém tomaram a primeira dose, é essencial. É óbvio que eles não têm o mesmo cuidado que nós, adultos. Pegam no colega, acabam dividindo as coisas, então, para eles, é fundamental tanto a máscara quanto o álcool em gel – observa Camila Vargas, 26 anos, mãe da aluna Ana Júlia, 11 anos.
A gerente comercial Roberta Rosa, 43 anos, defende que as crianças sigam usando, mesmo quando já tiverem tomado as duas doses da vacina, como é o caso de sua filha, Sara Lee, dez anos.
– Todo mundo da turma dela está usando normal, o que é um alívio para mim. Por mais que tenha gente que ache que a pandemia está acabando, eu acho que ainda tem muita coisa pela frente. Então, o negócio é se cuidar – conclui Roberta.
Em frente ao Colégio Sévigné, no Centro Histórico, a funcionária pública Marguerita Bernardes, 40 anos, e a bancária Márcia Bernardes, 42, deixavam seus filhos, Maria Cecília e Murilo, oito anos, por volta das 8h15min. Ambas seguiram levando os pequenos protegidos pela máscara na semana passada – e assim pretendem seguir, sem prazo final.
– Ainda estamos em uma situação em que a pandemia não cessou. Se os adultos têm que usar, por que para as crianças seria diferente? Vão se contaminar igual – avalia Marguerita.
De acordo com Márcia, as crianças estão mais acostumadas do que os adultos com a máscara.
– A gente tira a máscara e eles já vêm e dizem: “Mãe! A máscara!”. É uma segurança para todo mundo ainda – afirma a bancária, que entende o apetrecho como uma segurança também para professores, funcionários e os próprios pais.
O Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe/RS) orienta as escolas que voltem a solicitar o uso da máscara. No entanto, abriu a possibilidade de que as instituições aceitem que as famílias enviem declarações assumindo responsabilidade, caso prefiram mandar seus filhos sem a proteção.
Procurado, o Rosário informou que tem como premissa seguir as determinações legais e governamentais. Por isso, o uso de máscara, neste momento, é obrigatório, mesmo com a nova orientação do Sinepe. Outras instituições de ensino, como o Santa Doroteia e o João XXIII, ainda não emitiram novos comunicados desde a nova orientação do sindicato.