Dois terços dos estudantes brasileiros de 15 a 16 anos disseram que o texto mais longo que leram no ano letivo de 2018 não ultrapassou 10 páginas. Para 19,6%, a leitura foi de uma página ou menos. Entre os países da América do Sul, o Brasil é o que possui o menor índice de estudantes que leem mais de 100 páginas.
Divulgados na quarta-feira (29), esses dados são de estudo do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) em parceria com a Árvore, plataforma gamificada de leitura, com base nos resultados de 2018 da prova do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, a sigla em inglês). A avaliação é aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A análise mostra que um terço dos estudantes (33%) que leem textos com mais de 100 páginas, considerados longos, alcançou pelo menos o nível 3 em Leitura, Matemática e Ciências no Pisa 2018. Já entre os que leem menos de uma página, apenas 6% conseguiram esse mesmo resultado.
Apenas 9,5% dos estudantes brasileiros de 15 e 16 anos leram algum material com mais de cem páginas em 2018. O índice é significante menor que o de outros países da América Latina, como Chile (64%), Argentina (25,4%) e Colômbia (25,8%). Em países da América do Norte e Europa, por exemplo, as taxas são ainda mais altas. Finlândia (72,8%) e Canadá (68,4%) estão no topo da lista.
Na comparação com os demais sul-americanos da lista, o Brasil lidera, com folga, o ranking de estudantes que leram menos de uma página durante o ano de análise. Na Argentina, o segundo pior, o índice foi de 7,28%, perante aos 19,6% dos brasileiros.
"Esses dados são preocupantes e precisam ser analisados com cautela, pois podem indicar falta de estímulo à leitura dos estudantes brasileiros, seja na escola ou em casa", escreveram os pesquisadores. "Essa falta de familiaridade e/ou interesse pela leitura pode gerar grandes prejuízos a esses estudantes, já que o hábito leitor tem influência não só na proficiência em leitura, mas também em outros resultados educacionais e socioeconômicos."
Gosto pela leitura
Por outro lado, o estudo mostra que, apesar de a maioria não ler textos longos, o estudante brasileiro relata ler por interesse pessoal mais do que alunos de outros países. A taxa daqueles que fazem leituras por prazer por mais de duas horas é de 9,6%, em comparação aos 5,8% da média dos integrantes da OCDE.
Entre os alunos que afirmaram que ler é o seu hobby preferido, 47,6% deles são de escolas públicas, enquanto 43,9% são estudantes da rede privada. A média dos países que fazem parte da OCDE é de 33,7% no quesito de alunos que consideram a leitura o hobby preferido.