Pela primeira vez desde 2012, o Rio Grande do Sul registrou menos de 400 mil jovens que não estudam nem trabalham, conforme a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados, divulgados na semana passada, mostram que 369 mil, ou 15,7% dos gaúchos com idade entre 15 e 29 anos, se enquadram na condição.
Em contrapartida, a pesquisa de 2022 trouxe o menor número de jovens já registrado desde a criação da pesquisa. Apesar da queda do número absoluto de Neno - expressão usada pelo IBGE para se referir a quem não estuda nem trabalha - ter relação com a redução do número de jovens no Estado, proporcionalmente este é o segundo melhor cenário já registrado, sendo superado apenas pela pesquisa de 2013 quando 15,5% dos jovens eram "nem-nem" - como esses jovens são popularmente chamados.
Quando comparado com a pesquisa de 2021, a melhora fica mais evidente. Naquele ano, o RS registrou que 18,2% dos jovens estavam sem estudar ou trabalhar, 2,5% a mais do que em 2022.
Além de ser o menor número absoluto, esta foi a segunda maior redução proporcional de Neno no Estado de um ano para outro. Foram 65 mil, ou 2,55% de jovens a menos nesta situação em relação à pesquisa de 2021. A maior queda registrada é de 2019, quando 79 mil jovens (2,64%) saíram da condição naquele ano.
A importância da redução de jovens sem ocupação em 2022 fica mais evidente quando analisada a série histórica. Enquanto a queda de 2019 veio um ano após o maior registro de Neno no Estado, a redução na última pesquisa vem de um cenário que já estava em queda.
Para o pesquisador do IBGE e coordenador da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) no Estado, Walter Rodrigues, a queda foi uma junção de fatores que contribuíram para o resultado.
— Tem a questão demográfica, com a diminuição dos jovens na população gaúcha , mas também tem aumento da ocupação, com a retomada das atividades econômicas em 2022 — comenta.
Quem são os jovens nem-nem do RS
Para conhecer melhor o perfil dos jovens nem-nem no recorte gaúcho, é preciso recorrer à Pnad Contínua, que conta com especificações regionais. O IBGE utiliza os mesmos dados coletados para ambas as pesquisas, mas faz as análises com metodologias diferentes devido à disponibilidade de dados para análise de série histórica.
Desocupados X fora da força de trabalho
Durante a coleta de dados, o IBGE diferencia os jovens Neno em dois cenários, os que não estudam, mas buscam por ocupação, e os que não estudam e não buscam por ocupação. Nos resultados obtidos pela Síntese de Indicadores Sociais, o segundo cenário é o que predomina no RS. Dos 369 mil registrados, 67,37% deles não estudam nem estão procurando ocupação.
Principal faixa etária
Apesar da pesquisa abranger jovens entre 15 e 29 anos, a Síntese de Indicadores Sociais também traz três recortes por faixa etária mais específicos que revelam mais detalhes do cenário gaúcho. A maior concentração de Neno no Estado é na faixa dos 18 aos 24 anos, com 55,32%, seguido dos jovens com 25 aos 29 anos, 40,14%.
A menor porcentagem é dos jovens com idade entre 15 e 17 anos, 4,42%, sendo que destes 17,5% não estudam, mas buscam por ocupação. Isso revela que mais de 13 mil jovens com idade escolar estão fora das salas de aula e isso não tem relação com a procura por emprego.
Brancos, negros ou pardos
Os dados da Pnad Contínua revelam que a população jovem no RS é composta em sua maioria por pessoas brancas: são 75,24%; e 24,38% de negros ou pardos. No recorte de cor, os Neno representam 11,7% dos jovens brancos, enquanto entre os jovens negros ou pardos a porcentagem sobe para 20,6%.
Homens ou mulheres
Diferente do cenário de cor ou raça, quando se fala do sexo dos jovens gaúchos a divisão é mais equilibrada nos resultados da Pnad Contínua. A pesquisa aponta que 52,24% dos jovens gaúchos são homens e 47,76% são mulheres, mas esse equilíbrio não se repete na categoria de Neno. Enquanto apenas 9,47% dos jovens do sexo masculino estão nesta situação, 18,81% das jovens do sexo feminino são consideradas Neno no RS.