A quarta-feira (12) foi de decisões de autoridades, manifestações oficiais e trabalho policial relacionados a suspeitas de ameaças a escolas no Estado. No início da noite, o governador Eduardo Leite anunciou que será reforçado o policiamento no entorno de escolas públicas e particulares. Outras medidas foram informadas após uma reunião no Palácio Piratini no fim da tarde: aumento no efetivo durante o período de aulas, horas extras para os policiais militares e compra de um software para monitorar redes sociais.
— Estamos realizando estas ações, mas precisamos das famílias. Precisamos que os pais estejam mais atentos aos filhos, que saibam com quem eles conversam, como estão na escola, o que fazem nas redes sociais. E se tiver algo errado acontecendo, entre em contato pelo disque denúncia ou mesmo pelo 190. O nosso botão de pânico é o 190 — afirmou Leite.
O encontro foi marcado devido às mensagens que circulam nas redes sociais com ameaças a instituições de ensino e também por conta do caso desarticulado em Maquiné, no Litoral Norte. Na noite de terça-feira (11), um adolescente de 14 anos foi apreendido por planejar um ataque na cidade. O governo estadual não divulgou quantos casos suspeitos de ameaças a escolas estão sob análise ou foram descartados pela investigação.
Nesta quarta, o ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou a publicação de uma portaria com medidas para que plataformas de redes sociais possam sofrer sanções caso não adotem ações para coibir conteúdo ilícito, como ameaças. O ato estabelece normas para excluir conteúdos em redes sociais. No caso das empresas se recusarem a remover as contas ou mensagens, haverá multa de até R$ 12 milhões ou a empresa estará sujeita a ter sua atividade suspensa no Brasil.
Em entrevista a GZH, o secretário estadual de Segurança Pública, Sandro Caron, pediu que a população não compartilhe em redes sociais ou aplicativos de troca de mensagens conteúdos com possíveis ameaças a instituições de ensino. A orientação é que as denúncias sejam encaminhadas às autoridades policiais, nos telefones 190 e 181.
A apuração das mensagens com ameaças ocorre por meio de um trabalho integrado de policiais de todos os Estados e da Polícia Federal. No Rio Grande do Sul, a força-tarefa que direciona as ações de inteligência policial também conta com a participação da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS).
O Ministério da Justiça e Segurança Pública criou um canal exclusivo para recebimento de informações de ameaças e ataques contra as escolas.
Secretarias dizem que aulas seguem normais
À reportagem, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Porto Alegre informou não ter recebido nenhuma ameaça de uso de arma - de fogo ou branca - nos últimos dias. A pasta assegurou não ter notícias de suspensão de aulas nos nos últimos, mas admite não ter feito o acompanhamento da ausência dos alunos nas instituições de ensino da Capital.
A Smed explicou que cada escola tem o próprio planejamento em caso de ameaças, definido a partir da estrutura, equipe e realidade local. A recomendação é que a comunidade seja orientada a “não disseminar fake news”. Além disso, casos suspeitos ou qualquer relato de ameaça sofrida devem ser comunicados à Polícia Civil pelo WhatsApp (51) 98444-0606 e pelos telefones 197 e 181.
Já a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) também afirmou que as aulas estão mantidas e que não há alteração no cronograma de atividades nem na carga horária. A secretaria reforça ainda que está atenta ao cenário das instituições de ensino e que tem monitorado “intensivamente” a situação, a partir do diálogo com os órgãos de segurança, com as forças policiais e com o Departamento de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública.
Universidades se manifestam
A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) emitiu uma nota à comunidade acadêmica nesta quarta-feira, na qual informa que nenhuma ameaça foi detectada pela instituição. Na terça-feira, a equipe de segurança vistoriou prédios, banheiros, corredores e espaços do Campus. “Nenhuma mensagem ou anormalidade foi detectada”, informa a PUC, que elenca outras medidas tomadas: a conversa com autoridades e órgãos de segurança, reforço e controle na vigilância da instituição com acréscimo do efetivo.
A Unisinos também emitiu uma nota nesta quarta-feira, e reforça estar atenta aos atos de violência. A universidade ressalta que “adota um protocolo de atenção, com reforço das medidas de monitoramento ativo nos campi e nas redes sociais. Além disso, a Unisinos conta com um Sistema Integrado de Emergência com protocolos de segurança”. A instituição diz que denúncias sejam comunicadas ao canal de comunicação de emergência da Unisinos, no telefone 3590-8234 ou pelo ramal 234.
Sindicato orientará escolas
Na quinta-feira (13), o Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe) promoverá um evento híbrido sobre segurança escolar, com a participação de um especialista no assunto e da Brigada Militar. No evento serão apresentadas dicas e orientações às instituições sobre como lidar com episódios de ameaças de ataques a escolas. O evento é gratuito e voltado para instituições de ensino privado, da Educação Infantil até o Ensino Superior. As inscrições podem ser feitas no link.
“Orientamos para que os pais sempre procurem a escola para esclarecer dúvidas, dar feedbacks, colocar suas angústias, saber dos procedimentos de segurança adotados pela escola. Com transparência e comunicação efetiva sobre o que está sendo feito podemos trazer um pouco mais de tranquilidade à comunidade escolar. Importante também que orientem os filhos a não disseminar notícias falsas, pois estas contribuem para o clima de perturbação e insegurança no espaço escolar”, informou o sindicato por nota.