Crianças superdotadas possuem capacidade de aprender muito acima do comum para sua idade. Elas aprendem sozinhas, de maneira mais rápida e com menos explicações. E não apresentam apenas habilidade acadêmica, mas também nas atividades que envolvem criatividade, nas artes e nos esportes. Mas como saber se o seu filho é uma criança com altas habilidades?
Especialistas apontam que o primeiro passo é observar se ele aprende as coisas sozinho e se o desenvolvimento está acima da média das outras crianças. Depois dessa verificação, é importante conversar com os professores e também com os pediatras para colher a opinião de profissionais. A partir dessa troca de informações, o passo seguinte é procurar um neuropsicólogo, responsável pela avaliação para superdotação.
Especialistas recomendam que os superdotados sejam diagnosticados ainda na primeira infância. O teste SonR (Teste Não Verbal de Inteligência) pode ser aplicado aos 2 anos e 6 meses. O Wisc (Escala de Inteligência Wechsler para Crianças), mais completo, é indicado acima de 6 anos.
— Quanto mais precoce o diagnóstico, mais cedo essas crianças serão atendidas e terão menos sofrimento — diz Damião Silva, neuropsicólogo e especialista em altas habilidades e superdotação.
A Associação Mensa Brasil, entidade que representa a Mensa Internacional, principal organização de alto QI do mundo, passou a receber diagnósticos de crianças com 2 anos e 6 meses a partir do mês de maio.
É importante diagnosticar um superdotado para evitar problemas de inadequação na escola. Em geral, essas crianças precisam de estímulos constantes, pois têm grande necessidade de aprender. Depois de fazer um exercício em 5 minutos — quanto todos precisam de meia hora —, ele precisa de novas tarefas para avançar. Se isso não acontece, eles podem se sentir frustrados, ansiosos ou apresentar dificuldade de socialização.
De acordo com o Censo Escolar de 2020, há aproximadamente de 24 mil estudantes com perfil de altas habilidades ou superdotação no país. Os dados são subnotificados, pois esses casos são aqueles que fizeram a avaliação neuropsicológica para superdotação.
No Brasil, não existe um mapeamento oficial. A identificação depende da parceria entre a escola e os pais. E os especialistas alertam: a superdotação é uma condição neuroatípica genética, ou seja, um funcionamento diferente do cérebro. Superdotação não é doença. O aluno é direcionado para a Educação Especial para desenvolver suas potencialidades com direitos previstos na Constituição e na Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Veja abaixo alguns comportamentos típicos das crianças superdotadas:
Preste atenção
- Olhe se seu filho aprende de um mais jeito fácil e rápido em relação às outras crianças;
- Preste atenção se ele está sempre bem-informado, inclusive em áreas não comuns;
- Não avalie só o desempenho acadêmico, mas as artes (dança, desenho, teatro ou música) e coordenação psicomotora (esportes);
- Superdotados aprendem sozinhos e resistem à repetição e atividades rotineiras;
- Fique atento se ele expressa ideias e reações de forma argumentativa, explicando o que pensa, com vasto vocabulário;
- Importante: crianças com QI acima da média se envolvem com as coisas do seu interesse de maneira natural e mostram alto poder de concentração nessas atividades;
- Superdotados são crianças mais céticas e inquisitivas — sempre perguntam "por quê"?
- Não se esqueça: crianças superdotadas são crianças, ou seja, elas precisam brincar;
- Converse com a escola e com o pediatra de sua confiança;
- Fique atento à idade: os primeiros testes podem ser feitos com 2 anos e 6 meses.