Três estudantes gaúchos de escolas públicas foram selecionados para participar do programa Jovens Embaixadores, que, em sua 20ª edição, segue proporcionando uma série de primeiras vezes: a primeira vez em um avião, a primeira saída do país, a primeira conversa em outro idioma. Eles passarão por esses batismos a partir de 1° de julho, quando embarcam para uma experiência de três semanas nos Estados Unidos, com retorno no dia 18.
Criado em 2003, o projeto do governo norte-americano dá a oportunidade de uma viagem ao exterior, com todas as despesas pagas, a alunos da rede pública que jamais poderiam investir em um intercâmbio. Lá fora, eles vão participar de cursos e palestras que estimulam o empreendedorismo. Nessa edição, cerca de 50 jovens de todos os Estados foram beneficiados. Eles ficarão em Washington e, depois, se dividirão em grupos que vão para Seattle, Chicago e Albuquerque. Antes, passam por uma preparação em São Paulo.
Não foi sorte o que favoreceu os três gaúchos selecionados, mas esforço. Além de apresentarem bom desempenho escolar e fluência em inglês, Isadora Luísa Ferreira Martins, 18 anos, de Venâncio Aires, Camily Pereira dos Santos, 18, de Osório, e Uiliam Henrique Mueller, 17, de Sinimbu, já eram envolvidos com projetos sociais em suas escolas, o que é determinante.
Camily, por exemplo, cria absorventes ecológicos de baixo custo no laboratório do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), em Osório, no Litoral Norte, uma proposta para ajudar mulheres em situação de vulnerabilidade que sequer têm acesso ao produto de higiene íntima, problema que ganhou holofotes no último ano. A estudante chegou a ser premiada por isso na 20ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), promovida pela Universidade de São Paulo (USP).
Deseja que a estadia nos Estados Unidos amplie seus conhecimentos.
— Vai ser minha primeira viagem internacional, estou emocionada. É uma abertura de horizontes. Estarei em contato com uma cultura completamente diferente da que estou acostumada. Estar lá nos Estados Unidos, absorvendo diferentes pontos de vista, vai ajudar a amadurecer minhas ideias e, quem sabe, criar novas — projeta a jovem.
A ansiedade também invade Isadora, aluna do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo. Ao lado de colegas, ela criou um projeto para ensinar professores da rede municipal a inserirem a tecnologia na sala de aula, de forma a tornar as lições mais interessantes. A expectativa inicial com o programa era viajar de avião pela primeira vez, o que ocorreu na ida a São Paulo. Outra é estar em um país vasto e plural como os Estados Unidos, já que mora em um município de cerca de 70 mil habitantes.
— Saindo da minha bolha, indo para outro país, acho que vou conseguir enxergar as coisas de um jeito diferente — diz.
Uiliam, por sua vez, vem de uma cidade ainda menor: Sinimbu tem em torno de 10 mil moradores. Com o programa, o adolescente terá várias estreias - sair do Rio Grande do Sul pela primeira vez foi uma delas.
— É muito raro alguém sair daqui de Sinimbu e se destacar, mas o programa abre muitas portas. É possível estudar em uma escola pública e ir para os Estados Unidos — comemora ele, que é aluno da Escola Estadual Ensino Médio Frederico Kops, onde tem um projeto para criar casinhas para pássaros utilizando papelão reciclável.
Alunos de escolas públicas que desejam participar da próxima edição do Jovens Embaixadores podem pesquisar informações no site do programa. Devem ficar atentos, já que a expectativa é que a edição de 2023 ocorra em janeiro — caso isso se confirme, as inscrições serão abertas ainda em agosto deste ano. Para participar, precisam ter entre 15 e 18 anos e, entre outros requisitos, nunca ter viajado aos Estados Unidos.