Único colégio público de turno integral de Arroio Grande, no sul do Estado, com atenção a crianças em vulnerabilidade social do município, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Cândida Silveira Haubman está sem aulas há quase 40 dias. Estabelecida na localidade de Airosa Galvão, na área rural, os estudantes estão sem transporte, e os professores estão realizando atividades remotas para tentar manter o vínculo com a comunidade escolar.
Um contrato emergencial de transporte, estabelecido pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc), venceu em maio, e uma nova contratação ainda está em curso. Sem possibilidade de ir para a aula presencial, alguns estudantes abandonaram a escola. A estimativa é de que pelo menos 24 dos 77 alunos tenham sido transferidos para outros colégios da região.
— Tinha 19 alunos do primeiro e segundo ano multisseriados, agora terei no máximo 15 em minha turma. Os pais acabam buscando outra escola quando têm condições melhores — disse a professora de séries iniciais, Clarice Borba dos Santos.
A diretora, Vanessa Marzulo, argumenta que a escola é fundamental por ter turno único e atender meninos e meninas da cidade e do campo:
— O governo pretende deixar de levar as crianças da área urbana para manter o transporte somente dos alunos do campo. No entanto, os alunos da cidade são os mais vulneráveis, são filhos de detentos ou que estão em abrigos. Essas crianças são aquelas que precisam de acompanhamento durante todo o dia.
O problema da falta de transporte escolar se arrasta por outros municípios gaúchos. Em todo o Estado, 27 cidades deixaram o Programa Estadual de Apoio ao Transporte Escolar (Peate), em que os municípios assumem a função de contratar meios para transportar os alunos da rede estadual.
Com isso, a Secretaria da Educação realiza processos licitatórios para contratação de empresas de transporte escolar. Dentre as 27 prefeituras, seis seguem operando parcialmente, e os lotes estão em fase final de contratação. Segundo a pasta, as contratações emergenciais serão realizadas no prazo de 20 dias em Arroio Grande. Não há prazo para os demais municípios.
Situação dos lotes nos seis municípios, conforme a Seduc:
Piratini - possui 19 lotes, 17 estão em funcionamento e dois em fase final de contratação
São Lourenço do Sul – possui 22 lotes, sendo 20 em funcionamento e dois com a contratação em andamento
Cacequi - possui 10 lotes, sendo nove já em funcionamento e um em fase de contratação
Jaguari – possui 18 lotes, todos estão em funcionamento.
Arroio Grande – possui 10 lotes, todos estão em fase de contratação
Santana do Livramento - possui 29 lotes. São 26 em funcionamento e três em fase de contratação
