Divulgado nesta terça-feira (8), o QS World University Rankings 2022 não chegou a surpreender os representantes da UFRGS, PUCRS, UFPel e UFSM — universidades gaúchas presentes no levantamento, que indica as 1,3 mil melhores instituições de Ensino Superior do mundo.
As instituições relacionam o destaque no ranking ao bom resultado do investimento na área de pesquisa – mesmo, no caso das federais, diante dos recorrentes cortes sofridos nos últimos anos.
Confira como cada uma das quatro universidades do Estado interpretam o resultado:
UFRGS
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi a melhor posicionada entre as gaúchas. Ela ficou em oitavo lugar, em nível nacional, e na 42ª colocação entre as instituições da América Latina. O destaque foi para o quesito Reputação Acadêmica, no qual a UFRGS pontuou 27,8/100 e ficou na 304ª posição mundial. Esse indicador representa 40% da nota final concedida para as instituições e é baseado nas respostas de uma pesquisa feita com mais de 130 mil acadêmicos.
A universidade passou a integrar o ranking da empresa de análise do Ensino Superior Quacquarelli Symonds (QS) em 2013 e teve seu melhor desempenho em 2016, quando se classificou em quarto lugar entre as universidades brasileiras e em 17º entre as latino-americanas. Nos últimos quatro anos, tem se mantido entre a sétima e a nona colocação no Brasil.
— Os rankings não são um reflexo puro da realidade das universidades, e as universidades não trabalham para os rankings. Nossa prioridade sempre vai ser a qualidade do ensino, que é baseada no tripé ensino, pesquisa e extensão. Nossa reputação acadêmica é muito boa e é um dos nossos principais atributos, associada ao nosso corpo docente, que tem dedicação exclusiva de 40 horas e é extremamente qualificado — observa a secretária de Avaliação Institucional da UFRGS, Soraya Tanure.
O desempenho da UFRGS em avaliações nacionais e internacionais pode ser conferido no Painel da Qualidade, portal lançado no ano passado pela instituição.
PUCRS
Única particular entre as quatro gaúchas ranqueadas, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) ficou em 15º lugar nacional no levantamento e se manteve, em nível mundial, na faixa de posição 1.001-1.200. O quesito no qual a instituição teve mais destaque foi Citações por Faculdade, com 8,5/100.
Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS, Carlos Eduardo Lobo e Silva, o bom desempenho é consequência do trabalho de excelência feito pela instituição há muito tempo. O professor salienta que a nota em Citações por Faculdade demonstra a qualidade da pesquisa.
— Você pode publicar três artigos, mas não ser citado por ninguém, por exemplo, e aí ninguém levou aquela descoberta que você fez para frente. Se seu artigo é muito citado, isso é indicador de muita qualidade, porque as pessoas estão considerando aquele resultado importante — aponta Lobo e Silva.
O pró-reitor elenca três pontos que têm servido como pilares para o trabalho da instituição na área da pesquisa: aproximá-la da sociedade, promover a internacionalização dos estudos acadêmicos e promover a interação da área da pesquisa com os alunos da graduação.
Com relação à internacionalização, a PUCRS criou nos últimos dois anos os programas Projeto Pontes e Professor Estrangeiro Associado, que buscam evitar a “fuga de cérebros” do Brasil. Neles, pesquisadores brasileiros que se mudarem para o Exterior têm a possibilidade de manter vínculo e seguir produzindo para a universidade brasileira. Já os pesquisadores estrangeiros podem fazer o oposto, se mantendo vinculados a instituições de fora do país, mas trabalhando também com a PUCRS.
UFPel
Novidade no ranking, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) ficou na 15ª colocação nacional, junto com a PUCRS e outras seis instituições. Ambas também empataram na 79ª posição latino-americana e na faixa das 1.001-1.200 melhores colocadas mundiais. A pelotense se sobressaiu no score de Proporção de Docentes por Aluno: ficou com nota 30,9/100, muito à frente das outras gaúchas.
Segundo o pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação da universidade, Flávio Demarco, a UFPel tem melhorado significativamente em diferentes rankings internacionais, o que é fruto do investimento em educação. Por isso, a entrada no ranking não foi surpresa para a instituição.
— A despeito das restrições orçamentárias que vivenciamos, temos feito um esforço de melhora nos últimos quatro anos. A UFPel teve destaque extra por liderar o principal estudo brasileiro sobre a prevalência de coronavírus na população, o Epicovid-19, que serviu de base para muita discussão sobre a pandemia e originou artigos e trabalhos de impacto — cita Demarco.
Para seguir crescendo em qualidade, mesmo com cortes orçamentários, a pelotense tem procurado otimizar a estrutura com que conta. Entre as estratégias para isso, estão o aproveitamento ao máximo de recursos e esforços, a realização de pesquisas transdisciplinares com relevância social e a flexibilidade para adaptar pesquisas em andamento para atuarem no que é realmente necessário no momento para a sociedade.
UFSM
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) ficou em 23º lugar nacional e na 117ª colocação latino-americana. Em nível mundial, caiu da faixa de posição 1.001 ou mais, na última edição, para 1.201 ou mais, nesta edição. Se destacou no quesito Proporção de Docentes por Aluno, com um score de 13,1.
Para o reitor da UFSM, Paulo Burmann, embora tenha havido queda no desempenho da instituição, é preciso levar em conta que o ranking deste ano envolveu a participação de mais universidades e que a posição de destaque ocorre em meio à falta de verbas. A qualidade do ensino tem relação com a qualificação da gestão, conforme Burmann.
— Temos um plano de gestão totalmente alinhado ao Plano de Desenvolvimento Institucional, com a profissionalização do processo de gestão e grande responsabilidade e comprometimento dos setores administrativo e acadêmico. Essa mobilização da comunidade faz muita diferença, porque, estabelecendo níveis de diálogo e compartilhamento de decisões, fazemos com que as pessoas se sintam representadas e participativas — afirma o reitor.
Além da gestão, Burmann aponta a preocupação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e sua Agenda 2030, especialmente no que se refere à preservação do meio ambiente, como algo relevante entre as pesquisas feitas pela UFSM. Entre as áreas de excelência de ensino estão Ciências Agrárias, Produção de Alimentos e Ciências da Saúde.