Um cronograma de volta às aulas presenciais a partir de 31 de agosto foi proposto nesta terça-feira (11) pelo governo do Estado. O plano causou uma onda de críticas entre sindicatos ligados à educação e infectologistas, além de ter surpreendido gestores municipais. Para o secretário de Educação, Faisal Karam, a discussão, ainda que em forma de sugestão e inicial, era necessária:
— Não podemos ficar mais cinco meses esperando uma vacina ou alternativa com segurança plena — disse Karam em entrevista ao Gaúcha Atualidade na manhã desta quarta-feira (12), ressaltando que as ações são de proposta, não de imposição.
A alternativa de retomada não enfrenta apenas resistência de setores da sociedade, mas também uma falta de normativa acima dos Estados, reclama Karam.
— Não houve tempo de planejar. Não houve uma forma coletiva entre todas as secretarias do país e nem uma normativa do governo federal de apoio ao retorno presencial das aulas. Os Estados, de uma maneira geral, buscamos uma alternativa de retomada. São 150 dias de afastamento da questão pedagógica de aluno e escola. Esse calendário, então, que foi colocado.
Outros locais no mundo, como Israel, tentaram retomar as aulas durante a pandemia e tiveram de voltar atrás. Sobre isso, Karam ressalta:
— A gente acompanha (esses casos) pelo monitoramento do grupo de crises. Há discussões diárias sobre isso. Não é uma discussão impositiva. Se chegarmos a conclusão de que não vai voltar este ano, para nós da educação será uma perda gigantesca. O que eu lamento é que não haja uma diretriz no Ministério da Educação e a responsabilidade com a educação e com a saúde, vamos deixar claro.
O Rio Grande do Sul enfrenta, no momento, um dos piores momentos da pandemia, com 2.231 óbitos e 78.837 casos confirmados. Sindicatos que representam profissionais das redes estadual e privada de ensino consideraram a proposta "irresponsável" e "prematura" — entidades como o Cpers-Sindicato e o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS) prometem articulação contra o projeto. Já o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS) vê com bons olhos o plano apresentado pelo Piratini.
— A curva ainda está alta. Mas estamos no dia 12. A proposta é retomar 31 de agosto para privadas e públicas infantis. Essa é uma discussão ampla. Mas também tem outra limitadoras, bandeiras amarelas e laranja. Além disso, é uma opção da família decidir se querem que seus filhos se desloquem. É uma opção do prefeito também. Se ele entender que não quer que as escolas abram nas bandeiras laranja e amarela, é uma opção dele.
Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal da Educação já adiantou que não trabalha com nenhuma data de retorno das aulas.
Retomada
A proposta do governo gaúcho é que a Educação Infantil seja a primeira a retomar as aulas. O retorno gradual e escalonado das aulas presenciais ocorrerá somente nas regiões que estiverem em bandeiras amarela ou laranja.
Está previsto um investimento de cerca de R$ 15,3 milhões em equipamentos de proteção individual para alunos e professores da rede estadual. Seriam mais de 9,8 mil termômetros de testa e 3,5 milhões de máscaras, sendo 328 mil de uso infantil, 1,9 milhão de tamanho infanto-juvenil e 1,3 milhão para adultos (alunos e funcionários).
— Os protocolos foram construídos em conjunto com a decretaria da Saúde. Eles são extremamente rígidos. Tanto que eles exigem a compra de EPIs (equipamentos de proteção individual) e todo o cuidado de retorno. O Estado já solicitou a compra dos equipamentos. A única coisa que no fogem é sabermos o número preciso de alunos que irão retornar, porque as famílias terão o desejo ou não de mandar para as escolas. E cabe aos governos buscar esses alunos para dar algum tipo de apoio pedagógico — afirma o secretário de Educação.