Ao completar cinco décadas existência, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) projeta um futuro no qual a instituição estará pronta para preparar alunos frente aos desafios da modernidade. Para os próximos 50 anos, a ideia é ensinar mais empreendedorismo, tornar-se um polo de produção de ciência e ensinar os jovens a viver em uma modernidade na qual a internet é onipresente.
— Daqui a 50 anos, seremos ainda humanos? Como será a organização da sociabilidade humana? O grande desafio é não fugir das transformações digitais e seguirmos humanos. Precisamos ter um debate teórico sobre essas questões, envolvendo a formação mais clássica com a exigência de uma formação mais empreendedora e preparada para os desafios do mundo digital. A ciência dos dados irá definir a organização social — reflete o reitor da Unisinos, Padre Marcelo Fernandes de Aquino, na sala do oitavo andar da reitoria, em entrevista a GaúchaZH nesta terça-feira (30).
Hoje, pesquisadores discutem que a robótica, a ciência dos dados e a internet das coisas (IoT - que estabelece a comunicação entre objetos físicos, como geladeiras, luzes e televisão, por meio de sensores inteligentes e softwares) devem revolucionar a forma como as pessoas se relacionam. Séries como Black Mirror fazem sucesso justamente por conjecturar um futuro no qual hologramas, casas inteligentes e carros autônomos fazem parte do cotidiano. Conforme estimativas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a IoT deve movimentar cerca de US$ 132 bilhões na economia brasileira até 2025.
A Unisinos caminha em direção a tal cenário enquanto está inserida no Pacto Alegre – união de universidades, prefeitura de Porto Alegre e organizações da sociedade civil que busca transformar a Capital em um polo de inovação nacional.
Nos próximos anos, o foco é fomentar cada vez mais a criação de startups e de novas tecnologias. Há, também, a ideia de oferecer cursos em conjunto entre as três universidades, com diplomação tripla, segundo Aquino.
A criação de novas tecnologias já é realidade. No mês passado, a Unisinos e uma empresa sul-coreana, a HT Micron, lançaram o primeiro chip de Internet das Coisas do Brasil. O chip foi desenvolvido no Tecnosinos, polo de tecnologia que existe há 20 anos no campus de São Leopoldo e que hoje gera 6 mil empregos diretos.
Para seguir em inovação, o reitor afirma que a Unisinos trabalha para firmar mais parcerias na Ásia, na área da tecnologia, de olho no potencial da região. Hoje, há um convênio para alunos estudarem na East China Normal University, de Shangai, por exemplo.
— Saímos do Rio Grande do Sul e fomos em direção à Ásia. Muita gente olha apenas para o que é feito nos Estados Unidos e na Europa, mas o que acontece na Ásia dá o rumo da prosa. Estamos nos aproximando da China, devagar, entendendo como as coisas funcionam por lá — afirma.
Também pensando na inserção internacional, a Escola de Gestão e Negócios, que abrange os cursos de Administração, Gestão e Negócios, Contabilidade e Economia, está prestes a receber selo internacional da Associação do Colegiado de Escolas de Negócios (AACSB International, na sigla em inglês), o que garante que as disciplinas são comuns a outras faculdades mundo afora. Quem se forma em instituições assim, diz o reitor, tem mais facilidade de conseguir empregos em empresas estrangeiras. No Brasil, segundo a Unisinos, apenas a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Insper, no Sudeste do país, têm o mesmo reconhecimento.
Hoje, a Unisinos conta também com as Escolas de Humanidades, de Saúde, da Indústria Criativa, de Direito, de Gestão e Negócios e a Politécnica (voltada para Ciências Exatas, Tecnológicas e Biologia). Segundo o reitor, a ideia é que seja criado um instituto para formação de professores, com disciplinas voltadas para a educação.
— Temos uma preocupação em como a pedagogia básica se apropria das mudanças nas tecnociências. O aluno da universidade precisará saber programação. Estamos trabalhando para nos aproximar dessa problemática — afirma.
Duas grandes conquistas da Unisinos na última década, segundo o reitor, Padre Marcelo Fernandes de Aquino
1) Criação do campus em Porto Alegre
2) Aproximação das ciências humanas aos desafios da tecnologia
Quando a Unisinos foi fundada?
1969
Quantos alunos tem?
24 mil
26
programas de pós-graduação
160
parcerias com mais de
30
países
6 mil
empregos diretos são gerados pelo Tecnosinos
24 mil
pessoas em situação de vulnerabilidade são atendidas em projetos sociais