O evento de comemoração aos 20 anos do Tecnosinos, da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, levou ao público uma inovação inédita no Brasil. Menor do que uma unha, mas de grande importância para o futuro, o chip genuinamente brasileiro é o primeiro do país a suportar a tecnologia de Internet das Coisas (IoT) — que estabelece a comunicação entre objetos físicos (geladeiras, luzes, televisão) por meio de sensores inteligentes e softwares.
Desenvolvido pela empresa sul-coreana HT Micron e pela Itt Chip, companhia do Tecnosinos, o início da fabricação em larga escala está previsto para os próximos meses. Os líderes do projeto não revelaram o valor investido em pesquisa nem quanto pretendem gastar na produção. Porém, afirmam que a HT Micron tem capacidade para produzir até 1 milhão de novas unidades dessa tecnologia por ano.
De olho nas expectativas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que prevê que a IoT deve movimentar cerca de US$ 132 bilhões na economia brasileira até 2025, o duo formado pela HT Micron e pela Itt Chip desenvolveu, em menos de um ano, esse pequeno dispositivo. Susana Kakuta, CEO do Tecnosinos, diz que o produto inédito no país e desenvolvido no Estado fomenta o ecossistema gaúcho de inovação e alavanca a economia não só do Rio Grande do Sul.
— Este projeto que, agora, ganha o mundo contribui para o desenvolvimento do Brasil, uma vez que lançamos uma tecnologia capaz de suportar a IoT. Ela é a bola da vez para qualquer nação, Estado ou cidade que busque uma boa posição financeira num futuro próximo. Ao estarmos inseridos nesta iniciativa, mostramos a nossa posição dentro do mercado de inovação — afirma Susana.
O chip inovador permite que diversas funcionalidades, usualmente disponibilizadas em dispositivos isolados, sejam agrupadas em uma mesma estrutura. Isso abre margem para que, por exemplo, a performance dos aparelhos seja otimizada, explica o coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da HT Micron, Willyan Hasenkamp:
— A IoT vai permear as nossas vidas e esse chip surge para melhorar a comunicação entre os dispositivos. Ele apresenta uma estrutura composta por 57 componentes, que, associados para construção de um circuito integrado, apresentam um melhor desempenho, melhor experiência aos usuários — diz Hasenkamp.
Como funciona na prática
De forma prática e simples, podemos imaginar o seguinte cenário: um celular apresenta em sua estrutura chips de processamento, de memória, de sistema de comunicação etc. Com este dispositivo todas as funcionalidades que estão distribuídas podem ser condensadas em uma mesma estrutura. Para o consumidor final, chega um produto com melhor desempenho de suas funcionalidades, mais barato e, no caso de um smartphone, mais leve.
Para o CEO da HT Micron, Chris Ryu, a proximidade da empresa com a Unisinos foram essenciais para a realização desse projeto.
— A HT Micron está muito orgulhosa por poder contribuir para o ecossistema brasileiro de semicondutores por dez anos, ajudando nossos clientes a construírem produtos de excelente qualidade. O lançamento deste chip, totalmente desenvolvido no Brasil pela nossa equipe de P&D, é um grande símbolo do nosso compromisso com a inovação — apontou.
O Tecnosinos, que abriga a HT Micron desde 2009, concentra 93 empresas de diferentes países, das quais 60 são consolidadas e 33 startups, gerando mais de 6 mil empregos diretos. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, esteve presente no evento e ressaltou a importância da novidade.
— O que faz o Estado crescer é pensar no futuro construindo o presente com foco no desenvolvimento. Vemos aqui que somos inovadores, temos vocação empreendedora. A pesquisa realziada aqui gera PIB (produto interno bruto) e mostra que temos mão de obra qualificada. A IoT é o futuro. Precisamos colher os melhores frutos deste novo mercado e aplicá-la em nossa realidade, na nossa economia — avalia Leite.