O período de alta histórica do valor do bitcoin neste mês de dezembro, quando a unidade superou a barreira de US$ 100 mil em cotação, traz ainda mais atenção aos investimentos em criptomoedas. Após um boom entre 2020 e 2021, o ativo sofreu queda em 2022, mas apresenta recuperação e crescimento constante desde 2023. No Brasil, a promulgação do chamado Marco Legal dos Criptoativos, que entrou em vigor em meados do ano passado, deu ainda mais transparência e fôlego para estas operações.
Somente entre janeiro e setembro de 2024, segundo relatório da Receita Federal, as operações de criptomoedas movimentaram R$ 363,3 bilhões. Setembro, especialmente, com R$ 115,7 bilhões, registrou a maior movimentação em um mês desde o início da contabilização da Receita, em 2019.
A alta do bitcoin em 2024 é creditada, principalmente, à autorização da comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, em janeiro, do estabelecimento do primeiro fundo de investimento associado à criptomoeda, e também à eleição de Donald Trump, entusiasta deste mercado. A tendência é que os criptoativos se valorizem ainda mais em 2025. Especialistas projetam que a cotação da unidade de bitcoin pode, inclusive, chegar a US$ 250 mil.
Como investir em criptomoedas
Tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas podem investir em criptomoedas. Para iniciar essas operações, é preciso adquirir os ativos no mercado financeiro com pagamento em moeda corrente, o que se faz principalmente por meio das chamadas "exchanges", corretoras especializadas.
No Brasil, assim como nos Estados Unidos, também é possível investir em fundos, os ETFs (sigla em inglês para exchange-traded funds). Nesse caso, as operações devem ser contratadas nas corretoras tradicionais, onde se compram, por exemplo, ações de empresas negociadas na bolsa.
Portanto, o interessado deve procurar uma corretora tradicional ou uma exchange, abrir uma conta, escolher a criptomoeda desejada e iniciar o investimento. Pelo histórico de golpes e fraudes neste mercado, especialistas orientam que os interessados em investir procurem orientação com instituições sólidas e profissionais com experiência reconhecida.
Diferentes criptomoedas
O bitcoin é a criptomoeda mais popular e demandada do planeta. Pioneira no mercado, suas bases foram lançadas em 2008, mas ela atingiu um primeiro pico de valor em 2017. Após período de baixa em 2022, voltou a crescer no ano passado e manteve a tendência de alta.
Lançado em 2015, o Ethereum é hoje a segunda principal criptomoeda do mundo. Sua cotação atual é de aproximadamente US$ 3,4 mil, cerca de R$ 21 mil.
Além de criptos como o bitcoin e o Ethereum, os investidores também podem direcionar seus negócios a operações realizadas com as chamadas stablecoins, que são criptomoedas lastreadas em algum outro ativo — muitas utilizam o dólar. As mais demandadas atualmente são a Tether (UDST) e a USDC da Circle, que lideraram, junto com o bitcoin, os investimentos em criptomoedas no Brasil em setembro.
Tokenização
Além das criptomoedas, há também outros criptoativos passíveis de investimento, criados via tokenização. Por meio deste processo, é possível atribuir valor a algo e negociar este item, seja ele existente de modo físico ou não — podendo representar um imóvel ou uma obra de arte digital, por exemplo.
Volatilidade e risco
Especialistas indicam que, devido à alta volatilidade, não é recomendado investir todas as economias em moedas digitais, pois o risco é maior do que em investimentos mais tradicionais. Criptoativos são mais suscetíveis a variações bruscas de valor do que alocações habituais, e o investidor deve estar preparado para lidar com essa realidade. As stablecoins, por terem lastro em outros ativos, são consideradas mais estáveis.
Outras dúvidas sobre criptomoedas
O que é criptomoeda?
Ativos digitais que, na prática, são utilizados e desempenham praticamente as mesmas funções econômicas das moedas, com reserva de valor, meio de troca e unidade de conta.
O que é o bitcoin?
Considerada a primeira criptomoeda que de fato se estabilizou e teve sucesso no mercado. Atualmente, segue como a mais popular, além de ser a mais valorizada, com sua unidade valendo cerca de US$ 100 mil.
O que são stablecoins?
São criptomoedas lastreadas em algum outro ativo — como o dólar, na maioria dos casos. Por isso, são consideradas mais estáveis. A mais demandada deste tipo no mundo atualmente é a Tether (UDST).
É legal?
Sim. O mercado no Brasil é regulado principalmente pela Lei nº 14.478/2022, conhecida como Marco Legal dos Criptoativos. A legislação foi aprovada em 2022 e entrou em vigor em 2023.
Como evitar os golpes?
Apesar de um histórico de golpes e fraudes, as operações são seguras quando realizadas com empresas e profissionais reconhecidos e com experiência na área. O avanço das legislações, inclusive com o Marco Legal dos Criptoativos, também contribui para aumentar a segurança e a transparência neste mercado, já que inclui punições previstas no Código Penal para a prática de crimes relacionados a essas atividades.