A uma hora e meia de Porto Alegre, Rolante, no Vale do Paranhana, usa o bitcoin para atrair turistas. Mais de 200 estabelecimentos informam com adesivos nas vitrines que aceitam a moeda digital, diz o vice-presidente da Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Agropecuária de Rolante e Riozinho (Acisa), Eduardo Timmen. O pagamento é feito por QR Code, assim como no Pix. Para comprar ou sacar a criptomoeda, o usuário cria uma conta em uma corretora e usa o aplicativo da carteira digital para fazer transações.
Em visita à cidade, a coluna viu mercados, relojoaria, farmácias e lanchonetes aceitando bitcoin. Na ocasião, almoçou no Faccio, onde a refeição custou 10.690 sats, que é uma fração do bitcoin — uma espécie de "centavos" —, equivalente a R$ 30 naquele momento. A sócia do restaurante Clara Faccio conta que os comerciantes criaram um grupo de WhatsApp para turbinar a divulgação sobre a aceitação da moeda. Afirma que turistas entusiastas têm ido à cidade exatamente por isso, citando visitantes de São Paulo, do Mato Grosso e de Minas Gerais.
— Todo final de semana vem gente diferente — diz Clara, que está guardando o que já recebeu como pagamento em cinco meses com expectativa de que valorize.
Já perto do restaurante, a dona do salão Beleza e Cia, Roberta Kessler, usa o bitcoin que recebe como pagamento para consumir na própria cidade.
— No começo, tinha receio. Agora, está sendo legal. Quanto mais girarmos aqui, mais gente terá — diz.
A iniciativa começou no início de 2023 com o ex-piloto de avião Ricardo Stim, criador do "Bitcoin é Aqui". Ele se mudou para a cidade para ter uma vida mais tranquila e é entusiasta da criptomoeda. Por meio de uma ponte feita pela associação comercial, apresentou a forma de pagamento a donos de empresas, que se interessaram.
— O turista quer ter essa experiência de pagar com bitcoin, mas não tem onde. Viramos uma referência nacional — acredita.
Vice-presidente dos supermercados Redefort, Anderson Luiz Reichert foi um dos primeiros a aceitar o bitcoin, há 11 meses. Ele chegou a criar a "cuca bitcoin", com os sabores laranja, pimenta e chocolate. Segundo ele, chega a vender 70 delas por semana.
— Onde aceita, eu uso. Comprei meu óculos em uma ótica daqui com bitcoin — diz o empresário. — Alguns acham que é sonegação, mas dá para sonegar aceitando dinheiro e Pix também. Eu emito nota para tudo, inclusive para pagamentos com bitcoin — garante.
O prefeito de Rolante, Pedro Luiz Rippel, disse à coluna ser a favor da onda do bitcoin na cidade.
— Não me inteirei sobre o assunto, mas acho positivo para trazer turistas. Acredito que esse seja o caminho — diz.
Colaborou Guilherme Gonçalves
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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