A Americanas, grupo formado pelas empresas Americanas S.A., B2W Digital Lux e JSM Global, teve o pedido de recuperação judicial aceito no final da tarde desta quinta-feira (19). A companhia havia ingressado, mais cedo, com a solicitação na 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
A petição feita pelos advogados da companhia ocorrem em meio a uma crise iniciada há uma semana, quando divulgou inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões nos balanços de 2022 e de anos anteriores.
De acordo com o pedido de recuperação judicial, o Conselho de Administração da Americanas criou um comitê independente formado por profissionais, que será responsável por investigar e apresentar suas conclusões aos acionistas, ao mercado e à sociedade em geral.
“A despeito disso, em uma análise preliminar, a área contábil da Companhia, por meio do relatório gerencial de fluxo operacional, estima que os valores das inconsistências sejam da ordem de R$ 20 bilhões, na data base de 30.9.2022, o que poderá elevar o endividamento financeiro do Grupo Americanas para o montante aproximado de R$ 40 bilhões. Contudo, em razão do potencial descumprimento de obrigações contratuais acessórias, previstas em vários dos contratos celebrados com seus credores, inclusive estrangeiros, tornou-se iminente o risco de declaração de vencimento antecipado e imediato da totalidade de suas bilionárias obrigações, seguido da ‘corrida pelos ativos’ das Requerentes, tal qual se evidenciou na última semana”, aponta o pedido.
Os advogados defenderam ainda que era incontestável a necessidade da concessão desta medida para superação da sua crise financeira, a fim de preservar a atividade empresarial do grupo e que estão preenchidos todos os requisitos da Lei de Recuperação Judicial.
No despacho, segundo o g1, o juiz Paulo Assed Estefan, titular da 4ª Vara Empresarial, afirmou que trata-se de "uma das maiores e e mais relevantes recuperações judiciais ajuizadas até o momento no país". O magistrado destacou, ainda, que está ciente das questões trazidas por parte dos credores, em relação à possível fraude e má-fé por parte da companhia, reiterando que essas alegações deverão ser apuradas para identificação de eventuais responsáveis.
Deferido o pedido, a Americanas terá até 60 dias da publicação da decisão para apresentar o seu plano de recuperação judicial contendo o detalhamento dos meios de recuperação que serão adotados, demonstrando sua viabilidade econômica e juntando laudo de avaliação de todos os bens da empresa.