Oito dias após anunciar para o mercado suas “inconsistências contábeis", a Americanas protocolou o pedido de recuperação judicial. A gigante do varejo, com 1,8 mil lojas pelo país, está em uma situação delicadíssima, provocada pelo rombo contábil de R$ 20 bilhões que provoca a antecipação de dívidas, que, por sua vez, aumenta o "problema" para R$ 43 bilhões. Em caixa e já comprometido, ela tem agora só R$ 800 milhões após bloqueio judicial em favor do BTG, um dos maiores dos seus credores.
A recuperação judicial é um mecanismo usado para evitar a falência da empresa. Ela suspende cobranças e cortes no fornecimento do que é essencial para que mantenha a operação, como energia elétrica. Nela, a companhia tem que apresentar um plano de reestruturação aos credores, para que o aprovem. Envolve muita reengenharia e negociação. As dívidas costumam ser muito reduzidas. Há, sim, quem prefira uma quebra, para o rateio do dinheiro levantado com os bens da massa falida. Porém, com a situação da Americanas, o calote pode ser grande.
A recuperação judicial não deve afetar os clientes, entende o presidente da Federação Nacional de Defesa do Consumidor (Fenadecon), Filipe Vieira. Isso porque a venda de produtos é a principal fonte de receita da empresa, então a tendência é de que credores e acionistas tenham interesse em preservar a operação. O dinheiro continuará entrando só com uma boa relação com o consumidor, mantendo o fluxo de caixa.
Vieira também reforça algo que a coluna já havia comentado sobre eventuais problemas com produtos após a compra. Além da Americanas, o consumidor pode redirecionar a sua queixa para o fabricante, o importador, a assistência técnica ou para qualquer representante comercial do item.
— Aquele consumidor que comprar qualquer produto ou contratar qualquer serviço de lojas Americanas poderá continuar agindo normalmente e até registrar reclamação junto ao órgão de proteção e defesa do consumidor da sua cidade ou estado — diz ele.
Atualização: quando a coluna publicou este artigo, o pedido de recuperação judicial ainda não havia sido confirmado. O texto foi atualizado às 14h39min, após a confirmação do pedido.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna