Apenas dois dias depois de dizer a apoiadores que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos combustíveis, já estaria acertada com o Ministério da Economia, o presidente da República, Jair Bolsonaro, determinou a retirada do fundo de estabilização do texto da medida, segundo apurou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
De acordo com aliados do presidente, ele foi convencido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a medida teria pouco impacto na contenção do preço dos combustíveis e teria um custo alto para os cofres públicos. Como antecipou o jornal O Estado de S. Paulo no dia 20, Guedes sempre foi contra o fundo devido ao impacto fiscal.
O salto nos preços preocupa o governo devido aos impactos da inflação na popularidade do presidente, pré-candidato à reeleição. Mesmo com o fundo, porém, não há garantia de que haveria uma freada nos preços, tendo em vista a mais recente alta no valor do petróleo, pois os preços dos combustíveis estão atrelados à variação do barril do produto e do dólar.
A ideia original seria incluir na PEC dos combustíveis a criação de um fundo de estabilização dos preços para diesel e gasolina usando parcela da arrecadação com royalties de petróleo para abastecê-lo. Quando o valor do petróleo disparasse, no mercado interno, o fundo seria usado para diminuir o repasse no valor dos combustíveis nas bombas.
Mesmo descartada a criação do fundo, ainda está de pé a ideia de enviar ao Congresso uma proposta para reduzir impostos federais e estaduais cobrados sobre os combustíveis, sem a necessidade de apresentar uma fonte alternativa de receita, como hoje determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Bolsonaro bateu o martelo sobre a retirada do fundo de estabilização em reunião na quinta (27) com os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Paulo Guedes (Economia). Alexandre Silveira (PSD-MG), que assumirá na semana que vem uma cadeira no Senado, também participou.
O Planalto quer entregar a autoria da PEC dos combustíveis para Silveira, além da liderança do governo no Senado. O futuro senador, no entanto, ainda não decidiu se vai abraçar a liderança, de acordo com fontes do PSD, para evitar desgastes com as alas independente e petista do partido.