O churrasco dos gaúchos está ficando cada vez mais caro, mesmo em meio à pandemia de coronavírus. Levantamento do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) indica que nove dos 10 cortes analisados tiveram elevação nos preços entre 31 de março e 24 de junho. A pesquisa leva em consideração o valor médio encontrado em açougues, casas de carnes e supermercados.
A maior valorização no período é verificada na costela, com elevação 40,69%. O coordenador do Nespro, Júlio Barcellos, explica que o corte passou a ser uma alternativa para o consumidor de variedades mais caras. Além disso, a valorização no preço do boi gordo no Estado, no Uruguai e no Brasil central, principais produtores da carne consumida pelos gaúchos, também contribui para a alta generalizada da carne vermelha.
— Mesmo com o distanciamento social, o gaúcho seguiu fazendo churrasco. Mas houve uma migração de cortes como picanha e entrecot para a costela. Por isso, ela foi a que mais aumentou — analisa.
A alcatra também teve variação expressiva, de 11,65%. Segundo Barcellos, a variedade vem sendo mais procurada como uma alternativa para o dia a dia, já que muitas pessoas deixaram de comer na rua e começaram a cozinhar em casa durante o distanciamento social. Paralelamente, outros cortes já vinham com patamar elevado de preço, na esteira da valorização do boi gordo, e tiveram reajustes menores: maminha (5,88%), picanha (1,31%), contra-filé (2%), entrecot (1,87%) e vazio (0,22%). Por outro lado, o filé mignon foi o único a sofrer queda, de 4,38% desde o início da pandemia.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, explica que a perda de renda de parte da população durante a crise gerada pela pandemia acaba influenciando a procura por determinados tipos de carnes. É o caso da carne moída de segunda, que subiu 12,7% desde março.
— Com a alta nos preços do frango e dos suínos, a carne moída de segunda acabou virando uma opção para muitos consumidores — constata Longo.
O Nespro estima que os preços das carnes tenham atingido o teto, diante do contexto de crise econômica desencadeada pela pandemia. A expectativa é que haja recuo nos cortes a partir da segunda quinzena de julho.