Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta sexta-feira (19), o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, avaliou o cenário da economia brasileira pós-pandemia do coronavírus. Para o secretário, que já anunciou que está deixando o cargo em breve, a reativação da economia com no investimento público — como já foi especulado pelo governo no plano Pró-Brasil — não será suficiente.
— O setor público brasileiro não conseguirá ser o grande investidor na retomada da economia, ele vai precisar de investimento privado. A gente vai sair desta crise com liquidez no mundo, juros baixos e os investidores vão estar em busca de grandes oportunidades de investimentos — afirma o economista.
Para Mansueto, defende a continuidade da agenda de reformas, além de sustentabilidade do teto fiscal e reformulação de programas sociais. Este último, explica o secretário, se trata de um desafio de tornar os gastos mais distributivos, priorizando os programas que têm impacto maior, como o Bolsa Família.
Já a agenda de reformas deve seguir com pautas polêmicas já levantadas pelo governo antes da pandemia: reformas tributária e administrativa. A expectativa é apresentar a reforma tributária no segundo semestre para levantar o debate, como ocorreu com a reforma da Previdência:
— Vamos apresentar a reforma e vamos fazer o debate. Se for aprovado neste ano, excelente. Mas, se for em 2021, também é ótimo. O que a gente não pode perder é uma janela de juros baixos. Significa que a gente tem que começar o debate para tentar criar o consenso político para fazer nos próximos três anos. Se agente perder esse período de juros baixos, o nosso futuro ficará comprometido.
Adesão do RS ao regime de recuperação fiscal
Indagado sobre a adesão do Rio Grande do Sul no regime de recuperação fiscal (RRF), Mansueto avalia que o problema do Estado está no tempo atualmente determinado no acordo com os Estados, de seis anos. Neste período, o governo gaúcho teria dificuldade de equalizar as contas, ainda mais sem a privatização do Banrisul, o que é um entrave para o acordo.
No entanto, o secretário vê com bons olhos as medidas tomadas pelo governo de Eduardo Leite — como a reforma do funcionalismo estadual — e afirma que o debate sobre a expansão do período de ajuste fiscal, de seis para 10 anos, deve retornar ao Congresso no segundo semestre, o que abre brecha para a adesão do RS:
—O que importa não é a piora de curto prazo (com a pandemia), que é comum a todos os Estado do Brasil. Mas apresentar um plano que num período x ele vai equalizar as contas. Se o RS fazer para um período de seis anos, vai ficar difícil. Mas a intenção é ampliar o prazo do regime para 10 anos. Com as reformas do RS, é possível. Não é possível na regra atual
Saída do governo
Mansueto já anunciou a sua saída do Tesouro Nacional. Titular da pasta desde o período do governo Temer, ele pretende deixar o cargo em julho para se dedicar à iniciativa privada. Segundo o secretário, a intenção já havia sido comunicada à equipe econômica há um tempo e era esperada. Manuseto dará lugar ao economista Bruno Funchal, ex-secretário da Fazenda do Espírito Santo.