Entidades ligadas ao varejo estão cautelosas com relação a perspectivas de compras para o Dia dos Namorados, que será na próxima sexta-feira (12). Esta será a primeira data de relevância depois da reabertura do comércio em nível estadual, mas os próprios comerciantes reconhecem que os reflexos da pandemia da covid-19 deverão fazer o consumidor gastar menos em presentes e lembranças, se comparado ao ano passado.
Pesquisa divulgada pela Fecomércio-RS, nesta segunda-feira (8), apontou que mesmo economizando ou evitando sair de casa, 62,3% dos 385 entrevistados em cinco cidades do Estado, incluindo a Capital, pretendem comprar presentes na data. Destes, porém, mais da metade afirmou que gastará menos do que em 2019 porque teve a renda reduzida por conta da covid-19. Segundo o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, a data poderá ajudar a aumentar o ritmo das vendas, que ainda não aqueceu.
— Estamos vendo um consumidor com menos dinheiro e muito mais cauteloso nas suas decisões. Vender de portas abertas já é um desafio, de portas fechadas era quase impossível. Precisamos aproveitar essa oportunidade para mostrar que o varejo gaúcho está preparado para atender com segurança e qualidade à sua clientela — afirma.
Já a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) aponta que entre os presentes mais procurados pelos casais estão vestuário, calçados, perfumes, cosméticos, flores e eletroeletrônicos. Para o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch, este é um momento que pode representar a retomada do varejo gaúcho.
Apesar de apostar na data, o proprietário da Miosótis Floricultura, Eduardo Couto, decidiu reduzir, pela primeira vez, as compras de rosas comuns e colombianas para as encomendas. No ano passado, recorda, encomendou 40 pacotes de rosas apenas para o Dia dos Namorados. Desta vez, com as vendas ainda cambaleantes, apostou em 18 pacotes. A pandemia influenciou, inclusive, no preço da flor, que vem de Holambra (SP). Antes da doença, cada rosa custava ao vendedor R$ 5. Agora, o valor dobrou, e isso precisa ser repassado ao cliente. Arranjos com sete botões de rosas que custavam R$ 65 subiram para R$ 95.
— Não temos mais metas. Se conseguirmos vender o que compramos já vai ter valido a pena — reflete Couto, que conta com a ajuda da irmã Rita de Cássia Couto nas vendas.
A redução na compra de flores que serão transformadas em arranjos também se tornou uma realidade na Kzaverde Floricultura. De mil rosas adquiridas em 2019, o proprietário, Sérgio Cabreira, preferiu reservar apenas 350.
— Com o aumento do dólar, a rosa colombiana dobrou de preço. Desde que voltamos, os pedidos ainda estão fracos. Por isso, a precaução será o melhor negócio agora — acredita Cabreira.
As redes sociais também se tornaram uma forma de atrair novos clientes. É o caso do Studio Floē, especializado em flores e plantas, que, diariamente, divulga as novidades no Instagram. Outra forma de reinventar as vendas foi formar uma parceria com dois cafés para as encomendas de 12 de junho. A proprietária, Mona Kim, produzirá os arranjos para as cestas especiais.
Elisa Craidy, proprietária da Pra Presente, localizada no Instituto Ling, também intensificou a divulgação e as vendas de peças únicas pelo Facebook e Instagram, enquanto a loja física segue fechada e sem previsão de reabertura. O cliente costuma contatá-la pelo WhatsApp com um briefing do que procura e ela indica as peças que mais se encaixam no desejo. E isso, sugere a lojista, é ainda mais válido no Dia dos Namorados.
Para o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Krause, o 12 de junho deve alavancar o varejo por cair numa sexta-feira, que no comércio só perde em vendas para o sábado em datas comemorativas. Krause, porém, é realista e aposta que os varejistas deverão vender para o dia, no máximo, 60% do comercializado em 2019.
— Agora, as vendas estão entre 30% e 50% do que era antes da pandemia. É preciso se habituar à nova realidade, que ainda está sendo desenhada a cada dia — resume.