O coronavírus deve deixar uma herança para a economia que vai além dos impactos no comércio exterior e nas contas públicas. Vendas online, teletrabalho (home office) e preocupação com reservas financeiras para momentos de emergência são peças que devem ganhar força no tabuleiro de empresários e consumidores no período pós-pandemia.
— A crise pode ser pedagógica em vários aspectos. Empresas e consumidores sairão diferentes dela – afirma o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank.
Com o distanciamento social imposto pela covid-19, marcas passaram a demonstrar maior preocupação com o atendimento online a clientes. Para Alexandre Machado, sócio-diretor da GS&Consult, consultoria especializada em varejo, a busca por avanços no comércio eletrônico, o e-commerce, veio para ficar.
Adaptação
Para que empresas consigam se adaptar ao meio digital, é necessário levar em consideração as características próprias dos setores em que estão inseridas, acrescenta o analista.
– A transformação online vai acontecer em uma velocidade maior do que o ritmo anterior à crise. A loja virtual deve representar uma prioridade para a maioria das empresas – destaca Machado.
Para Frank, o coronavírus deve levar patrões e funcionários a apostar em maior flexibilização na jornada de trabalho, o que inclui a manutenção de home office na rotina de parte das companhias. Estudo recente da Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que essa modalidade tende a crescer 30% depois do término da pandemia.
– O home office tende a ser benéfico desde que seja bem gerenciado. Se os resultados forem alcançados, as empresas poderão, por exemplo, poupar com aluguel de salas e contratar mais funcionários – avalia o educador financeiro Adriano Severo, da Severo Educação Financeira.
Segundo ele, o coronavírus também deve estimular a busca de empresários e consumidores pela manutenção de uma poupança para momentos de emergência. Em períodos de queda nas receitas, como é o caso atual, recursos em reserva podem aliviar dificuldades.
– As pessoas precisam de dinheiro em caixa para passar por imprevistos – relata o educador financeiro.