Com o isolamento social provocado pelo coronavírus, as vendas do comércio eletrônico, o e-commerce, subiram no país. Para se adequar à realidade imposta pela pandemia, pequenos e médios negócios buscam, neste momento, aprimorar canais de atendimento online, apontam especialistas.
– As vendas digitais viraram prioridade durante a crise. As empresas têm de fazer um planejamento para escolher as melhores plataformas de acordo com cada estratégia – afirma Alexandre Machado, sócio-diretor da consultoria GS&Consult, especializada em varejo.
Entre 26 e 30 de março, as vendas online avançaram 28,8% no país, na comparação com a reta final de fevereiro, indica a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Uma pesquisa do movimento Compre&Confie também detectou recente aumento nos negócios. Segundo o estudo, o faturamento do e-commerce nacional subiu 27,2% entre a chegada do coronavírus ao Brasil, em fevereiro, e o final de março. A alta é referente a igual intervalo de 2019.
A elevação resultou de uma mudança no perfil dos negócios. Em meio à pandemia, clientes passaram a procurar mais produtos de áreas como saúde e alimentação. A segunda inclui serviços de supermercados e lojas de bebidas, por exemplo.
– A demanda migrou para áreas que não eram tão procuradas antes no e-commerce – frisa o diretor-executivo do Compre&Confie, André Dias.
Segundo especialistas, pequenos e médios negócios são mais ameaçados pelas medidas de distanciamento social, já que apresentam menor fôlego financeiro para lidar com o choque na economia. Na avaliação de Dias, essas empresas podem aproveitar portais de grandes redes varejistas ou aplicativos de entrega de produtos para aumentar as vendas online. O Magazine Luiza, por exemplo, lançou uma plataforma, a Parceiro Magalu, voltada a pequenos lojistas e autônomos que desejam ofertar seus estoques.
– Em uma situação normal, seria possível criar um site próprio de e-commerce. Mas isso leva tempo. Estamos em momento crítico, e uma alternativa é vender em grandes marketplaces (shoppings virtuais) – analisa Dias.
A Petit Doces, em Porto Alegre, seguiu por esse caminho. Antes do coronavírus, a confeitaria apostava, principalmente, em encomendas de cafeterias e bistrôs. Como os estabelecimentos tiveram de fechar as portas nas últimas semanas, a empresa ampliou o atendimento ao consumidor final, via aplicativos de delivery, de três para sete dias por semana. O horário de atuação também foi estendido.
Fundador da marca, Vitor Leão Degrazia relata que o faturamento nessas plataformas triplicou durante a pandemia. Ao mesmo tempo, a confeitaria lançou uma iniciativa em que cada pedido por aplicativo resulta em uma doação de brownie para profissionais da área da saúde em Porto Alegre.
– A crise mostrou que precisávamos focar no cliente final. Tivemos de buscar alternativas. Antes, nosso atendimento via aplicativos era bem limitado – conta o empresário.
Coordenador de projetos de varejo do Sebrae-RS, Fabiano Zortéa ressalta que pequenos e médios negócios tendem a usar mais as redes sociais para dialogar com os clientes durante o período de distanciamento. Ele também acredita que sites e aplicativos de vendas já conhecidos podem trazer alívio ao caixa das empresas durante a crise.
– Outra opção é negociar com os clientes vouchers para serviços no futuro. Os consumidores podem ficar seduzidos com possibilidades de desconto, fazer compras agora e aproveitá-las depois – acrescenta Zortéa.
DICAS PARA VENDER
Especialistas avaliam que o comércio eletrônico pode ajudar pequenos e médios negócios a sobreviver à crise do coronavírus. Veja dicas para as vendas.
- Ofertar produtos em marketplaces (shoppings virtuais) já conhecidos pode ser o caminho mais rápido para negociar durante a crise, diz o diretor-executivo do movimento Compre&Confie, André Dias. Criar uma ferramenta própria pode levar mais tempo, e a turbulência exige decisões rápidas, acrescenta o especialista.
- Avalie prós e contras de cada plataforma de e-commerce disponível. A ideia é encontrar aquela que melhor atenda a necessidades de cada empresa. "Tem ferramentas que cobram um percentual sobre cada transação, outras trabalham com modelos de mensalidades. Então, é necessário traçar uma estratégia de venda", sublinha Alexandre Machado, sócio-diretor da consultoria GS&Consult, especializada em varejo.
- Redes sociais podem conectar marcas e consumidores e facilitar negócios durante a crise, frisa Fabiano Zortéa, coordenador de projetos de varejo do Sebrae-RS.