O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta-feira (4) que o fraco crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, de 1,1%, já era esperado e defendeu que o governo faça investimentos para ajudar na retomada econômica do país.
Maia fez as declarações ao deixar a cerimônia de filiação do apresentador José Luiz Datena ao MDB. Ao comentar o PIB, o presidente da Câmara afirmou que a expectativa para o número do ano passado não era "tão positiva".
— Um dos números mostra uma queda do volume de investimento público, uma queda dos serviços na área pública, o que prova que a aplicação do Orçamento, os investimentos públicos são muito importantes também para ajudar o crescimento econômico — afirmou.
Maia fez críticas à política econômica do governo de Jair Bolsonaro, de enxugamento de gastos públicos.
— A gente não consegue organizar um país apenas fazendo as reformas, cortando, cortando, cortando — disse.
Para ele, o investimento do governo é importante porque "o setor privado sozinho não vai resolver os problemas".
— Então acho que a grande mensagem do PIB que saiu hoje é exatamente que a participação do Estado também será sempre importante para que o Brasil possa crescer e se desenvolver — concluiu.
O PIB do Brasil cresceu 1,1% em 2019, primeiro ano do governo do presidente Bolsonaro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o terceiro ano seguido de fraco crescimento da economia brasileira. Em 2017 e em 2018, a primeira divulgação do PIB mostrou expansão de 1,1%. Posteriormente, os dados foram revisados para 1,3%. Em 2015 e 2016, houve queda no PIB.
O resultado é menos da metade do projetado inicialmente pelos economistas. Em dezembro de 2018, às vésperas da posse do presidente Jair Bolsonaro, analistas do mercado financeiro renovaram a aposta na retomada e projetaram crescimento de 2,55%.
Maia não quis comentar o adiamento da sessão do Congresso que votaria o veto do presidente Jair Bolsonaro ao orçamento impositivo. Na terça-feira (3), apesar do entendimento firmado entre a cúpula parlamentar e o governo, uma ala de congressistas expressou descontentamento com os textos enviados por Bolsonaro.
Diante do impasse, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), suspendeu a sessão e convocou uma nova para esta quarta para apreciação do veto. Os projetos de lei enviados pelo governo para tentar chegar a um acordo com os congressistas só deverão ser apreciados na próxima terça (10).
O três textos regulamentam o orçamento impositivo, instrumento criado em 2015 para obrigar o Executivo a pagar emendas de parlamentares — e que virou alvo de disputa neste ano, após a tentativa de congressistas de gerir mais verbas. De acordo com cálculos de técnicos do Congresso, a proposta de Bolsonaro mantém nas mãos dos parlamentares os R$ 15 bilhões realocados do orçamento e devolve ao Planalto a execução do restante, outros cerca de R$ 15 bilhões.