O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu nesta quarta-feira (19) críticas do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ao Congresso e qualificou o militar de radical ideológico contra a democracia.
Na terça-feira (18), Heleno afirmou que o Congresso estava chantageando o Executivo, em falas captadas em transmissão ao vivo da Presidência da República durante cerimônia de hasteamento da bandeira no Palácio do Planalto.
— Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se — afirmou, em relação ao orçamento de 2020.
Heleno defendeu que o presidente deixasse claro à população que está sofrendo uma pressão e "não pode ficar acuado".
Maia, após qualificar a frase do ministro como "infeliz", afirmou que Heleno estava falando como "um jovem, um estudante, no auge da sua idade, da sua juventude".
— Uma pena que um ministro com tantos títulos tenha se transformado num radical ideológico contra a democracia, contra o parlamento. É muito triste — afirmou.
O presidente da Câmara também alfinetou Heleno e disse não ter visto nenhum ataque ao Congresso quando os parlamentares estavam "votando o aumento do salário dele como militar da reserva".
— Então quero saber dele se ele acha que o parlamento foi chantageado por ele ou por alguém para votar ou chantageou alguém para votar o projeto de lei das Forças Armadas — ironizou.
Maia sugeriu ainda que o ministro-chefe do GSI estaria melhor "num gabinete de rede social, tuitando, agredindo, como muitos fazem, como ele tem feito ao parlamento nos últimos meses". Além disso, reiterou o papel do Congresso na aprovação de medidas importantes para o governo, como a reforma da Previdência.
— Esse parlamento, se quisesse apenas deixar as pautas correrem soltas, o governo não ganhava nada aqui dentro. Tudo é feito com responsabilidade — complementou.
O pano de fundo para o atrito entre Heleno e Maia é a votação do orçamento impositivo. Sem consenso, sem o envio ao parlamento de um projeto prometido pelo Executivo e com a desconfiança de partidos que obstruíram a sessão, a votação do veto do presidente Jair Bolsonaro foi adiada para depois do Carnaval, sem que uma data tenha sido definida.
Em dezembro do ano passado, o Congresso aprovou uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias para garantir que o governo fosse obrigado a executar as emendas de autoria do relator-geral do orçamento 2020, deputado Domingos Neto (PSD-CE), no valor de R$ 30,1 bilhões. Também seria obrigatório o empenho de R$ 687 milhões em emendas de comissões temáticas da Câmara e do Senado.