Puxada pela disparada no preço da carne, a inflação chegou a 0,51% em novembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na sexta-feira (6).
Depois de alta de 0,10% em outubro, novembro teve o maior resultado para o mês desde 2015, quando indicador ficou em 1,01%. No acumulado do ano, o IPCA tem avanço de 3,12%.
A alta de 8,09% no preço das carnes foi o item que mais influenciou no cálculo do índice. Esse item representou 0,22 ponto percentual da inflação — ou seja, quase a metade. Também houve impacto no aumento do IPCA a alta da energia elétrica e de jogos de azar.
Houve mudança de bandeira tarifária na conta de luz de outubro para novembro. Passou de amarela (com acréscimo de R$ 1,50 para cada cem quilowatts-hora consumidos) para vermelha patamar 1 (mais R$ 3 a cada cem quilowatts-hora). Além disso, houve reajuste nos preços das loterias federais – 24,35%.
O economista Luis Otavio de Souza Leal, do banco ABC Brasil, afirma que carnes, jogos de azar e energia elétrica responderam por 80% da inflação de novembro.
Por causa do apetite chinês, que aumentou as importações de carnes do Brasil, a arroba do boi subiu nas últimas semanas, e o repasse já começa a chegar nas gôndolas. Desde o fim de 2018, a China enfrenta queda da produção de suínos devido a uma grave crise sanitária na suinocultura, o que a obrigou a elevar as compras externas e a procura de outras proteínas, como a bovina.
O Brasil, principal exportador mundial de carne bovina e de frango, foi beneficiado por essa demanda chinesa.
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta no mês passado (confira gráfico). Entre os 16 locais pesquisados pelo IBGE, a maior variação ficou com São Luís (1,05%). Em Porto Alegre, foi de 0,47%.
Para dezembro, o aumento da carne terá impacto maior e irá se somar à elevação dos combustíveis, o que deve fazer o índice fechar o ano em 3,8%, ainda abaixo da meta de 4,25%. Para Souza Leal, esse resultado não compromete o corte do juro básico esperado para a próxima semana, quando o Banco Central deve reduzir a taxa Selic para 4,5%. Para o próximo ano, o economista estima inflação mais baixa, de 3,7%.