Dois dias após a Petrobras anunciar reajuste no valor do litro da gasolina, postos de combustíveis de Porto Alegre já começam a repassar o aumento aos consumidores. Motoristas da Capital começaram a perceber o preço mais caro para encher o tanque entre quinta (19) e sexta-feira (20).
Neste feriado, a reportagem de GaúchaZH circulou por postos de combustíveis da área central e das zonas Sul, Leste e Norte. Dos 20 estabelecimentos consultados entre 10h20min e 14h, 14 haviam reajustado os preços da gasolina comum na comparação com levantamento feito na última terça-feira (17). Em outros cinco locais, não houve aumento, e um estava fechado (veja lista abaixo).
O aumento médio identificado nesta sexta-feira foi de R$ 0,15. A maior alta foi constatada no posto Nossa Garagem, localizado na Avenida Benjamin Constant, onde o litro da gasolina comum passou de R$ 4,09 para R$ 4,39, acréscimo de R$ 0,30.
O motorista de aplicativo Bernardo Bandeira Silva, 35 anos, foi pego de surpresa ao abastecer no local:
— Subiu hoje. Parei aqui porque já estava planejado para parar, mas foi mesmo um aumento bem significativo. Antes, estava um preço razoável diante do cenário de uns meses atrás. Para a gente, pesa, porque diminui o percentual de lucro.
O mesmo posto foi um dos que registraram o preço mais alto no levantamento de GaúchaZH: R$ 4,39. É o mesmo valor oferecido em outros quatro postos de combustíveis: Alicar 1 (Avenida Bento Gonçalves), Posto BR (Estrada João de Oliveira Remião), Posto da Rótula (Avenida Carlos Gomes) e Posto Farroupilha (Avenida Assis Brasil).
— Subiu um pouco entre ontem (quinta) e hoje (sexta). Fui pego desprevenido. Sempre tento abastecer na mesma rede, mas procuro o melhor preço. Como trabalho com o carro todo o tempo, dependo disso — relatou Élcio Lopes da Silva, 53, que trabalha como autônomo na área da construção civil.
O valor mais baixo, R$ 4,07, foi identificado no Posto Jardim Verde, que fica na Avenida Eduardo Prado. Outros quatro estabelecimentos não reajustaram o preço da gasolina nesta semana: Sigaran (Rua Barbedo), Caiman (Avenida João Pessoa), Carrefour (Rua Albion) e Andino (Avenida Bento Gonçalves).
— Não aumentou ainda, mas pode ter certeza de que isso vai acontecer nos próximos dias — comentou um frentista, que preferiu não se identificar.
— Tem que se organizar, não dá para rodar. Tento andar de bicicleta e não usar o carro quando isso acontece. Sorte que aqui ainda não aumentou _ comemorou o atendente de monitoramento Luís Fernando Assis da Silva, 42 anos, que abastecia na Avenida Bento Gonçalves.
Aumento esperado
Embora tenha chegado a afirmar que não repassaria o aumento do petróleo, a Petrobras anunciou nesta semana a elevação dos preços nas refinarias. O aumento foi de R$ 0,0916 no diesel (alta de 4,2%) e de R$ 0,0592 na gasolina (alta de 3,5%).
O aumento de preços é consequência da alta no mercado internacional após ataques a instalações petrolíferas na Arábia Saudita. A Petrobras também sentiu a defasagem que tinha em relação aos preços internacionais.
Na quinta-feira (19), o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro) informou que os postos do Estado já começaram a receber a gasolina e o diesel com os valores reajustados. Conforme o sindicato, no entanto, não há como prever o comportamento dos estabelecimentos.
— A Petrobras disse que não ia ter aumento, mas resolveu aumentar, pegando todo mundo de surpresa. Como ontem (quinta-feira) os postos já tinham recebido a gasolina mais cara, esse movimento de hoje (sexta-feira) é esperado e inevitável. Porto Alegre também estava com um preço médio muito baixo e, como houve este custo extra, normal que o aumento aconteça — explica o presidente do Sulpetro, João Carlos Dal'Aqua.
Este foi o terceiro reajuste no preço do diesel este mês — o combustível já havia sido elevado nos dias 5 e 13 de setembro. O valor da gasolina para as refinarias não era alterado desde o último dia 5.