Como esperado, o preço do petróleo disparou com a onda de ataques com drones que cortou pela metade a produção de petróleo da Arábia Saudita. Chegou a uma alta de 18% na noite passada e agora desacelerou para 9%, que ainda é um percentual bastante elevado. O país é responsável por 10% da produção mundial.
Ainda não se sabe a dimensão do impacto. Há quem fale em dias, semanas e até meses, ao mesmo tempo em que as projeções podem, muitas vezes, ser influenciadas por interesses políticos.
O aumento do petróleo gera valorização das ações da Petrobras, que exporta a commodity. Nos papéis da estatal negociados nos Estados Unidos, a alta é de 7% neste início de manhã.
— Petrobras e outras empresas do pré-sal vão produzir mais petróleo que a capacidade de refino de combustíveis no Brasil. Ou seja, tem que exportar petróleo mesmo — comenta o sócio-diretor da Maxiquim, João Luiz Zuñeda.
Só que a Petrobras importa a gasolina, que é derivada do petróleo e também sobe de preço. Por mais que a empresa embolse mais com a venda do insumo, a conta não fecha e a alta do petróleo tem impacto nos combustíveis.
— Gasolina e diesel são "precificadas" em bolsas de futuros. Praticar preços diferentes do mercado internacional gera problema e a conta vem um dia. Como aconteceu com a Petrobras — complementa Zuñeda.
Economista da gestora de fundos Quantitas, João Fernandes sempre cruza informações fazendo um monitoramento do comportamento dos preços do petróleo, da gasolina no golfo dos Estados Unidos, do combustível nas refinarias da Petrobras e na bomba, para o consumidor. E, segundo ele, com a alta de 9% desta manhã no preço do petróleo, a gasolina na refinaria da Petrobras está 12,5% abaixo do mercado internacional.
— A Petrobras tem mantido o preço dela um pouco abaixo do internacional, para competir com o etanol, que vem ganhando mercado — diz João Fernandes.
A defasagem, portanto, se acentua com o ocorrido na Arábia Saudita:
— Então, faz sentido pensar que ela aumente a gasolina na refinaria entre 7,5% e 12,5%.
Ele complementa que, na bomba para o consumidor, significaria um impacto de +2,5% a +3%.
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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