A economia brasileira escapou da recessão técnica, mas ainda não conseguiu confirmar retomada mais consistente. No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,4% frente aos três meses imediatamente anteriores. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado na manhã desta quinta-feira (29).
A recessão técnica é caracterizada por dois trimestres consecutivos de baixa no PIB. Como o indicador havia caído entre janeiro e março, novo recuo provocaria o retorno desse fantasma.
Mesmo com o fôlego adicional, que até surpreendeu parte dos analistas, o resultado positivo reflete relativa estagnação da economia. Segundo o IBGE, o PIB está no nível do segundo trimestre de 2012 — 4,8% abaixo do pico da série, registrado no início de 2014. Ou seja, ainda não retomou o patamar de antes da crise.
— A expectativa era de que a economia se recuperasse de maneira mais intensa neste ano, mas a reação vem sendo a mais lenta da história. Apesar do cenário ruim, o resultado do segundo trimestre é uma surpresa positiva para parte dos analistas — sublinha a economista Luana Miranda, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Pelo lado da oferta, a maior alta entre abril e junho foi a da indústria, de 0,7%. O crescimento da atividade nas fábricas reflete resultados positivos dos segmentos de transformação (2%) e da construção civil (1,9%). O setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB, também ficou no azul, com leve avanço de 0,3%. A agropecuária colheu baixa de 0,4%.
Pela viés da demanda, a formação bruta de capital fixo (FBCF) registrou a maior elevação, de 3,2%. O indicador mede o investimento feito por empresas em máquinas e equipamentos para expansão da produção.
Segundo o IBGE, o consumo das famílias, considerado um dos motores do crescimento do PIB, subiu 0,3%. No setor internacional, as exportações caíram 1,6%, e as importações avançaram 1%. A pesquisa também informou que o consumo do governo recuou 1%.
— O avanço do PIB no segundo trimestre foi pautado pelo cenário doméstico. O setor externo teve contribuição negativa — observa a economista Amanda Tavares, analista do IBGE.
Com os resultados, o PIB alcançou a marca de R$ 1,780 trilhão em valores correntes. No acumulado dos últimos quatro trimestres, o avanço do indicador chegou a 1%.
Na comparação com o período de abril a junho do ano passado, o PIB também subiu 1%. Nesse tipo de recorte, pesou o desempenho da construção civil. Frente ao segundo trimestre de 2018, o setor subiu 2%. Foi o primeiro crescimento após 20 quedas consecutivas. Ou seja, a construção civil estava no vermelho desde o segundo trimestre de 2014.
— O desempenho positivo do PIB foi uma surpresa. Uma série de dados apontava para desaceleração da atividade no segundo trimestre — resume o economista-chefe da corretora Necton Investimentos, André Perfeito.