Ainda dentro das expectativas, mas perto da máxima, o avanço de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre em relação ao período entre janeiro e março espanta o fantasma de recessão técnica. É um alento, depois dos temores que muitos analistas ainda cultivavam na véspera do anúncio oficial do IBGE, nesta quinta-feira (29). E deixa o Brasil menos frágil para enfrentar a turbulência internacional que sacode o segundo semestre.
Embora o primeiro semestre tenha fechado com saldo positivo, considerado o recuo de 0,1% no primeiro trimestre, depois da revisão anunciada pelo IBGE, o fato é que a economia do Brasil ainda patina quase no mesmo lugar, o que reforça a necessidade de algum tipo de estímulo – como a liberação do FGTS que começa em cerca de 15 dias. Além disso, será preciso ter fôlego extra para encarar tanto a desaceleração global quanto os respingos da nova onda de crise que vem da renegociação da dívida da Argentina.
A melhor notícia trazida pelo PIB foi o avanço de 3,2% no investimento no segundo trimestre em relação ao período entre janeiro e março. O indicador chamado Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) teve ainda melhor desempenho na comparação com igual período do ano passado, de 5,2%. Nessa base, foi o sétimo resultado positivo após 14 trimestres de recuo.
Mas como o tombo dos anos de recessão foi forte, a taxa de investimento ainda está em patamar baixo, de 15,9% do PIB, apenas 0,3 ponto acima do mesmo período do ano passado. Esse dado é importante porque sinaliza o futuro da economia. Só com aumento significativo vai representar mudança importante na estatística que mais angustia os brasileiros, a do desemprego. É por isso que a pressão por outras medidas de estímulo vai continuar.
Paulo Guedes terá de encarar o desafio de ser mais do que uma tese liberal no governo para ser um efetivo ministro da Economia, que trata de administrar a escassez para obter os melhores resultados possíveis para a sociedade. Já deu sinais de que está disposto a isso, com a liberação do FGTS e com acenos de novos pacotes de medidas. Mas depois de duas reformas – a trabalhista e a previdenciária – necessárias, mas não suficientes para recuperar a economia, terá de diversificar o cardápio.