A Argentina anunciou nesta quarta-feira (28) que pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a revisão dos prazos de vencimentos de sua dívida de US$ 56 bilhões, que começam em 2021. Segundo o ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, a medida tem como objetivo aliviar a atual turbulência no mercado cambial argentino.
Ainda conforme Lacunza, as negociações podem começar na gestão do atual presidente, Mauricio Macri, mas teriam que ser concluídas no próximo governo, que começa em 10 de dezembro.
O primeiro turno das eleições argentinas ocorre em 27 de outubro. Para que um vencedor seja anunciado já nesta data, é preciso que ele tenha 45% dos votos — ou 40%, desde que com uma diferença de 10 pontos em relação ao segundo colocado. Se nenhum dos dois requisitos for atingido, é realizado um segundo turno, em novembro. O resultado das eleições primárias foi uma vitória de Alberto Fernández (47%) contra Macri (32%).
O país passa por uma situação financeira complicada. Uma delegação do FMI visitou a Argentina nesta semana e se reuniu com autoridades do governo e também com Fernández e seus assessores.
Através de nota, o porta-voz do FMI, Gerry Rice, afirmou o fundo teve "conversas produtivas" com o ministro Hernán Lacunza e também conversou com o candidato kirchnerista à presidência, Alberto Fernández.
"Sobre as operações de dívida anunciadas pelas autoridades argentinas hoje, a equipe do FMI está no processo de analisar elas e medir o seu impacto. A equipe entende que as autoridades tomaram esses passos importantes para assegurar as necessidades de liquidez e resguardar as reservas. A equipe vai continuar em contato com as autoridades e permanecer com a Argentina durante esses tempos desafiadores", informa a nota.
Economista-chefe da corretora Necton Investimentos, André Perfeito afirma que o pedido da Argentina para renegociar a dívida com o FMI "irá reverberar" ao longo da semana nos mercados financeiros da América Latina. "Isso deve trazer mais pressão sobre o real", aponta, em nota, o economista.
Perfeito frisa que o país vizinho sofre com o baixo nível de reservas cambiais — espécies de colchões de segurança, em dólares, contra choques financeiros.
— O Banco Central argentino não poderia simultaneamente atacar o câmbio e pagar suas dívidas a vencer no curto prazo. A solução foi mais uma vez apelar ao fundo — acrescenta.