A renúncia do ministro da Fazenda da Argentina, Nicolás Dujovne, confirmada no sábado (17), é ingrediente extra na receita indigesta da crise que atinge o país. Espera-se que a tensão aumente nos vizinhos, o que deve trazer novos impactos econômicos para o lado de cá da fronteira.
Desde que a crise começou, as exportações brasileiras à Argentina vêm sofrendo dura baixa. De janeiro a julho deste ano, os embarques tiveram tombo de 40%, para US$ 5,9 bilhões. Nas vendas de automóveis, a queda chegou a 50%. O país comandado por Mauricio Macri, acuado por derrota nas eleições primárias, é o terceiro principal destino das exportações brasileiras.
– A Argentina busca aqui, especialmente, manufaturados. É o parceiro que todos querem ter, porque não compra matéria-prima, compra produto final – pontua o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Com a saída de Dujovne, quem assume o Ministério da Fazenda da Argentina é Hernán Lacunza, até então secretário da Economia da província de Buenos Aires. O novo chefe da pasta encontra um país que sofre com a disparada da inflação em tempos de corrida presidencial. Além disso, terá a difícil tarefa de tentar acalmar os mercados. Na semana passada, a bolsa argentina teve queda de 31%.
Economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito menciona que a renúncia de Dujovne representa "mais um baque ao cambaleante governo Macri". Segundo Perfeito, o fato poderá reforçar o mau humor dos investidores na largada desta semana.