Depois de comemorar o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) como um feito de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta sexta-feira (5) a participação do ex-presidente Michel Temer na conclusão das negociações.
— Como falo publicamente também, a questão do Mercosul: devemos em parte ao Michel Temer. Eu não vou tirar o Michel Temer de fora. Uma negociação que se arrastava há 20 anos. O Michel Temer começou realmente a tratar desse assunto com seriedade e depois nós impulsionamos tendo em vista os ministros que nós convidamos para levar adiante essa proposta — disse.
A declaração foi feita por Bolsonaro ao fim de um evento em comemoração ao aniversário do Batalhão de Guarda Presidencial, em Brasília.
Ao falar sobre a aprovação da reforma da Previdência pela comissão especial da Câmara dos Deputados, o presidente classificou de "vitória maravilhosa" a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e UE enquanto ele participava da cúpula do G20, em Osaka, no Japão.
Anunciado na tarde da última sexta-feira (29), o tratado entre os dois blocos pôs fim a negociações que se arrastavam por duas décadas. A expectativa é que o acordo facilite trocas comerciais entre o Mercosul e outros países.
Acordo com os EUA não está no radar
Apesar de o presidente argentino, Mauricio Macri, ter afirmado que está trabalhando com Bolsonaro para conseguir um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos (EUA), o presidente brasileiro negou que o tema tenha sido discutido com o americano Donald Trump durante o G20.
— Pelo que eu sei, os EUA não estão na União Europeia, então eu não conversei sobre isso com ele (Trump) — afirmou.
Na quinta-feira (4), Macri disse que o acordo comercial deve trazer em breve novos desdobramentos:
— Neste ano ainda teremos novidades com relação ao Canadá. No ano que vem vamos ter na agenda (do Mercosul) um acordo com a Coreia do Sul e estamos conversando com o Brasil sobre um acordo de livre-comércio com os EUA.
Em entrevista ao canal do La Nación na televisão, na noite anterior, o chanceler Jorge Faurie havia mencionado que essa conversa sobre o acordo com os EUA já está acontecendo.
Ainda sobre Trump, Bolsonaro disse que entre eles "só falta anunciar o casamento", e repetiu que espera que o americano venha à Argentina para discutir a situação da Venezuela. Durante o G20, o brasileiro afirmou ter proposto ao presidente americano um encontro entre os líderes da América do Sul para pensar em alternativas ao país comandado por Nicolás Maduro.
— Realmente, pelo que sinto, temos um problema chamado Venezuela e queremos que essa questão seja solucionada e que não apareçam outras na América do Sul — afirmou.
Ao ser questionado sobre seu empenho para a reeleição de Macri na Argentina, Bolsonaro disse que não se intromete em assuntos internos de outros países. Contudo, o presidente afirmou esperar que o país vizinho não volte para as mãos de quem sempre defendeu o "Foro de São Paulo".