A inflação encerrou 2018 com alta acumulada de 3,75% no país. Com o resultado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou dentro da meta perseguida pelo Banco Central (BC). O dado referente ao ano passado foi divulgado na manhã desta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ao alcançar 3,75% no acumulado de 2018, o IPCA permaneceu 0,8 ponto percentual acima dos 2,95% registrados em 2017. O IBGE também informou que a variação do índice em dezembro foi de 0,15%, a menor para o mês desde o início do Plano Real, em 1994.
— A inflação dentro da meta é bastante favorável. O Banco Central conseguiu manter as expectativas ancoradas. Mas não se pode esquecer que o IPCA baixo também é resultado do desempenho da economia em nível aquém do esperado. Com a demanda fraca, os preços não sobem tanto — observa o economista-chefe da Geral Investimentos, Denilson Alencastro.
No ano passado, o centro da meta de inflação foi de 4,5%, com possibilidade de oscilação de 1,5 ponto percentual para cima (6%) ou para baixo (3%). Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a marca é uma referência que o BC persegue anualmente para dar maior segurança à economia. Com essa medida, a instituição sinaliza que pretende evitar que a inflação fique fora de controle.
— A variação nos preços, de maneira geral, foi pequena. Isso fez com que a perda do poder de compra da população fosse menor. É uma notícia muito boa. O Banco Central fez seu dever de casa — avalia a economista Virene Matesco, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Conforme o IBGE, a inflação de 2018 foi influenciada, principalmente, por despesas com habitação (4,72%), transportes (4,19%) e alimentação e bebidas (4,04%). Juntos, os três grupos responderam por 66% da composição anual do IPCA.
Em alimentação e bebidas, os produtos consumidos em casa subiram 4,53%. Nos transportes, os principais impactos foram os de passagens aéreas (16,92%), gasolina (7,24%) e ônibus urbano (6,32%). Em habitação, o avanço nos preços da energia elétrica (8,7%) tiveram o maior peso do grupo.
Gerente da pesquisa do IBGE, Fernando Gonçalves explica que a inflação mais elevada nesses segmentos está relacionada, em parte, com as dificuldades no mercado de trabalho, uma das heranças deixadas pela recessão. Com o desemprego ainda elevado, parte da população destina seu dinheiro a gastos "essenciais", como as despesas com alimentos e transportes, diz Gonçalves. Com consumo maior, os preços tendem a subir mais do que em outros grupos.
— A pessoa não deixa de comer e decide comprar aquela camisa nova em outro momento — ilustra Gonçalves.
No ano passado, a região metropolitana de Porto Alegre teve a maior inflação acumulada (4,62%) entre os locais pesquisados pelo IBGE. Na Capital gaúcha, os itens com as maiores variações foram frutas, que tiveram alta de 46,15%, e energia elétrica, que avançou 17,58%.
— Porto Alegre é uma das regiões onde a tangerina, que vem subindo muito, tem grande impacto. Além disso, a inflação mais alta teve relação com os preços da energia elétrica — pontua Gonçalves.
Alta nos benefícios do INSS
O IBGE também divulgou nesta sexta-feira o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos. Em 2018, o indicador acumulou alta de 3,43%, acima dos 2,07% de 2017.
O INPC serve de referência para benefícios concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Se o reajuste for aplicado, o teto da Previdência Social deverá subir para R$ 5.839,45, ante R$ 5.645,80 em 2018.