Depois de encerrar o ano passado dentro da meta perseguida pelo Banco Central (BC), a inflação deverá permanecer em nível controlado nos primeiros meses de 2019, projetam analistas. Um dos argumentos que sustentam a avaliação é o fato de que o desempenho da economia ainda não deslanchou. Com consumo reduzido, a tendência é de que os preços não disparem.
— A não ser que haja subida no dólar, a inflação deve seguir sob controle. Muitas empresas ainda estão produzindo abaixo do que poderiam. Não será com aumento nos preços que conseguirão sair dessa situação — sublinha o economista-chefe da Geral Investimentos, Denilson Alencastro.
Em 2019, o centro da meta de inflação — medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — é 4,25%. Calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA poderá flutuar entre o piso de 2,75% e o teto de 5,75% sem que o BC descumpra a definição.
— No início deste ano, há alguns reajustes previstos na área de transportes. É preciso aguardar para ver como será a distribuição de chuvas, mas a expectativa de safra é boa — diz o gerente da pesquisa do IPCA, Fernando Gonçalves, ao mencionar setores com grande peso na composição do indicador.
Analistas do mercado financeiro ouvidos pelo BC estimam que a inflação fechará 2019 com alta acumulada de 4,01% — ou seja, dentro da meta. A projeção foi divulgada pelo boletim Focus na última segunda-feira (7).
Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação é uma referência que o BC persegue anualmente para dar maior segurança à economia. Com essa medida, a instituição sinaliza que pretende evitar que o IPCA fique fora de controle.
Na avaliação da economista Virene Matesco, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), o governo Jair Bolsonaro tem sinalizado preocupação com o quadro fiscal brasileiro. Conforme a analista, caso o Palácio do Planalto confirme ajustes nas contas do país, haverá estímulo extra para que a inflação siga sob controle.
— Uma das fontes de inflação é o grande déficit público. O governo tem demonstrado que buscará ajustar as contas — afirma Virene.