A greve dos caminhoneiros fez a produção da indústria gaúcha desmoronar em maio. Em relação a abril, a queda chegou a 11%, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O tombo é o maior nessa base de comparação desde dezembro de 2008, quando houve redução de 11,9%, e eleva incertezas sobre o ritmo do setor nos próximos meses.
– A paralisação disseminou números negativos no país. Para saber o comportamento da indústria nos próximos meses, é preciso esperar os novos resultados. Ainda não há como projetar o cenário – observa o analista Bernardo Almeida, do IBGE.
A baixa gaúcha foi a sexta mais acentuada entre os 15 locais pesquisados. Conforme o instituto, o país teve redução levemente inferior (10,9%) em relação ao Rio Grande do Sul. O IBGE informou ainda que a produção do Estado amargou recuo de 10,8% frente a maio de 2017. Nesse tipo de comparação, foram detalhadas as atividades industriais mais abaladas pela greve. Das 14 pesquisadas, 13 tiveram redução – a única que ficou no azul foi a de metalurgia, que subiu 3,4%.
– A indústria de alimentos foi pega de surpresa. Maio costuma ser um bom mês. Mas, com a greve, o pessoal não saiu tanto de casa para fazer lanches e ir a restaurantes. Essa queda no consumo não tem como ser recuperada – lamenta o presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação no Estado, Marcos Oderich.
A manifestação dos caminhoneiros fez empresas paralisarem suas operações em maio, como a General Motors, em Gravataí, na Região Metropolitana. Na Serra, polo metalmecânico, indústrias como Marcopolo e Randon também tiveram de interromper as atividades.
– O faturamento que teriam com os negócios na ocasião se foi. Algumas empresas compensarão parte do tempo perdido com medidas como trabalho aos finais de semana – frisa o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul, Reomar Slaviero.
Para os próximos meses, o clima é de cautela em relação ao andamento dos negócios. Incertezas relacionadas às eleições tendem a frear novos investimentos e contratações de funcionários, avaliam empresários.
– A grande preocupação é com o cenário político. Com a bagunça toda que estamos vendo, não sabemos o que acontecerá – afirma Volnei Benini, presidente da Movergs, que representa empresas moveleiras, setor cuja produção caiu 11,9% em maio.
O IBGE também divulgou que diminuiu a alta da indústria gaúcha no ano para 0,2%. Em 12 meses, a produção caiu 0,2%.