As mudanças no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho não causarão danos ao banco de dados do Estado. A promessa foi feita nesta quinta-feira (21) pelo pesquisador Eduardo Zylberstajn, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Segundo o técnico, responsável pelo levantamento no Rio Grande do Sul, a instituição utiliza informações de bancos públicos para acompanhar o desempenho da economia gaúcha.
— Não haverá perda de qualidade. Estamos fazendo o melhor trabalho possível — comentou Zylberstajn.
Nos últimos meses, as mudanças no cálculo do PIB causaram polêmica. Depois de extinguir a Fundação de Economia e Estatística (FEE), até então responsável pela pesquisa, o governo estadual contratou a Fipe, ligada à Universidade de São Paulo (USP), para realizar os trabalhos. Isso resultou no rompimento de convênio com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para repasse de números sigilosos ao Rio Grande do Sul.
Segundo Zylberstajn, o novo levantamento do PIB utilizará dados disponíveis em bancos públicos como o do próprio IBGE. As informações, segundo o técnico, virão de pesquisas setoriais como a de produção industrial, que também apresentam números regionalizados.
Para possibilitar comparações, a Fipe fez a revisão metodológica do indicador gaúcho. O cálculo até então realizado pela FEE havia sido iniciado em 1995. Após anunciar que a economia gaúcha cresceu 1% em 2017 e caiu 0,8% no primeiro trimestre, Zylberstajn declarou que a Fipe passará a divulgar o PIB mensalmente no Estado. Antes, as divulgações da FEE ocorriam trimestralmente, assim como são feitas no caso brasileiro e de outros países.
A apresentação do estudo da Fipe, em Porto Alegre, foi acompanhada por representantes da fundação extinta pelo Piratini, entre os quais brotam críticas às mudanças no cálculo.
— Ainda não tivemos acesso aos detalhes da metodologia usada pela Fipe. A instituição é reconhecida nacionalmente, mas não apresenta experiência para calcular o PIB. Esse tipo de pesquisa tradicionalmente é feito nos Estados por instituições públicas. O Rio Grande do Sul vai na contramão — menciona o economista Adalberto Maia Neto, servidor aposentado da FEE.
O Piratini contratou a Fipe, em abril, por R$ 3,3 milhões ao ano. Em junho, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) suspendeu o pagamento do contrato. Mesmo assim, tanto a fundação quanto a Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão garantem que o impasse não atrapalhará as próximas pesquisas.
— O pagamento está suspenso, mas o que vale é o contrato, que está em vigor — disse Zylberstajn.