A economia brasileira seguiu em velocidade lenta, no primeiro trimestre, sua tentativa de engatar trajeto de retomada. Entre janeiro e março, o Produto Interno Bruto (PIB) teve leve alta de 0,4% em relação aos três meses anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta quarta-feira (30).
O resultado, o quinto positivo em sequência, foi impactado pelo avanço colhido no campo. No primeiro trimestre, a agropecuária cresceu 1,4%. Os outros dois setores pesquisados, indústria e serviços, apresentaram leve alta de 0,1%.
Os cálculos do IBGE ainda não dimensionam os reflexos da greve dos caminhoneiros, que paralisa rodovias no país e causa prejuízos em diferentes segmentos da economia desde o último dia 21.
– O PIB do primeiro trimestre mostra que o desempenho de indústria e serviços ainda é baixo. Em um ciclo de retomada econômica, ambos os setores deveriam ter uma resposta maior – frisa o economista Adalmir Marquetti, professor da PUCRS.
O resultado de janeiro a março frustra projeções mais otimistas para o pontapé inicial de 2018. Apesar disso, ficou acima do que sugeria o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), conhecido como prévia do PIB. O indicador, que serve como parâmetro para avaliar o ritmo da atividade ao longo dos meses, apontava baixa de 0,13% no primeiro trimestre.
– Muita gente imaginava que o PIB viria mais perto de zero. Então, o desempenho no primeiro trimestre foi bom, mas não mudou a ideia de que o processo de aceleração do PIB é lento – avalia o economista Marcelo Portugal, professor da UFRGS.
Segundo o IBGE, o consumo das famílias seguiu no azul no país. Frente ao período de outubro a dezembro de 2017, a elevação foi de 0,5%, a quinta em sequência. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o avanço foi maior, de 2,8%, o quarto consecutivo nessa base de comparação.
Além disso, os investimentos realizados por empresas, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), cresceram 0,6%. Frente ao primeiro trimestre de 2017, a alta foi mais consistente, de 3,5%, segundo o IBGE.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos pelo país. Entre janeiro e março, alcançou R$ 1,6 trilhão em valores correntes.
Alta em relação a 2017
Em relação ao primeiro trimestre de 2017, o PIB subiu 1,2%. Nessa base de comparação, a indústria avançou 1,6% e serviços, 1,5%. Na contramão, a agropecuária caiu 2,6%. Com os resultados, a economia brasileira acumulou, nos últimos quatro trimestres, crescimento de 1,3%.
Efeitos da paralisação à vista
Coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis mencionou que a greve dos caminhoneiros terá reflexos em cadeia sobre o desempenho da atividade no segundo trimestre, mas evitou citá-los. A pesquisadora acrescentou que pesquisas conjunturais referentes a maio começarão a mostrar os reflexos da crise. Segundo ela, com o desempenho entre janeiro e março, o patamar do PIB voltou ao mesmo nível observado no primeiro semestre de 2011.