A proximidade com Porto Alegre aliada à existência de áreas amplas e facilidades logísticas por ser intersecção de duas das mais importantes rodovias do Estado vem colocando Eldorado do Sul no mapa de novos empreendimentos imobiliários residenciais e corporativos. No segmento de moradia, o apelo tem sido a rapidez de acessar a Capital sem a existência de maciços urbanos de concreto observados em outras cidades da Região Metropolitana, o contato com o verde e o Guaíba.
Na empresarial, o cruzamento no município das BRs 116 e 290, que cortam o território gaúcho de Sul a Norte e de Leste a Oeste, respectivamente, tem atraído especialmente centros de distribuição.
Um dos primeiros grandes grupos corporativos a se instalar no município foi a Dell, na virada do século. Mesmo depois de ter levado a parte fabril para São Paulo, a matriz e outros serviços permaneceram. Nos últimos 10 anos, teve início uma nova onda de chegada de companhias, conta o secretário municipal de Planejamento, Fábio Araújo Leal. Um dos segmentos que mais se desenvolveu foi o de logística.
Em 2014, por exemplo, o grupo Dimed, controlador da Panvel, inaugurou nova sede administrativa no município e centro de distribuição, investimento de R$ 90 milhões. Outra empresa da área de medicamentos que chegou à cidade foi a Cervosul. A Ambev é mais um grupo que construiu centro de distribuição em Eldorado do Sul. Da área de alimentos, a Himalaia Distribuidora fez o mesmo em 2014. Ligada à Nestlé, a Eixo Sul é outra empresa do ramo que atravessou a ponte.
Na área de tecnologia, a cidade recebeu a Teracom, fabricante de componentes eletrônicos. A Lojas Lebes também transferiu sua sede para a cidade. Em um movimento em busca de novos empreendimentos, a direção da Havan foi visitada para avaliar a possibilidade de construção de uma loja no município.
Destaque é dado para condomínios
Segundo Leal, a intenção é aproveitar e casar o desenvolvimento da área empresarial e residencial em Eldorado do Sul.
– Queremos que os diretores e CEOs venham morar na cidade – afirma o secretário, admitindo que, para isso, é necessário melhorar a oferta de serviços no município.
Nos projetos residenciais, a vocação de Eldorado do Sul parece estar nos condomínios horizontais, especialmente de alto padrão. As construtoras Melnick Even e Arcadia, que no final de 2013 entregaram o empreendimento Marina Ponta da Figueira, apresentaram agora ao mercado o Península Ponta da Figueira, loteamento com 147 terrenos.
Nos próximos anos, há planos de lançar um terceiro. Outro empreendimento do gênero e próximo é o Eldorado Ilhas Park, da construtora Beralv. Soma área de 150 hectares, sendo 25% de áreas verdes preservadas, e clube náutico com acesso ao Guaíba.
– É uma região que será outra daqui a 10 anos – vislumbra o diretor institucional da Melnick Even, Milton Melnick, comparando as aglomerações urbanas nas duas margens do Guaíba.
Fabio Maltz Sclovsky, presidente da Arcadia Urbanismo, lembra que os problemas que existem hoje com a ponte do Guaíba serão solucionados com a construção da segunda travessia.
– Isso vai terminar com a insegurança do içamento do vão móvel – ressalta Sclovsky.
Facilidade de acesso é um dos atrativos
Presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Aquiles Dal Molin Júnior avalia que a facilidade de acesso ao Centro e à zona norte da Capital e a possibilidade de viver em áreas verdes e com mais espaços são um dos atrativos para desenvolver projetos imobiliários no outro lado do Guaíba. O dirigente observa que, embora na zona sul de Porto Alegre também existam projetos com conceitos semelhantes, a mobilidade é um problema.
– Há potencial de crescimento de lançamento de novos empreendimentos na Região Metropolitana, até porque Porto Alegre continua com problemas para aprovação de projetos. Eldorado do Sul, pela facilidade de acesso, passa a ser grande opção para as incorporadoras – diz Molin Júnior, que reforça a facilidade ampliada quando a segunda ponte for concluída.
O advogado Eduardo Mariotti é um exemplo de morador da Capital que se mudou para um condomínio em Eldorado do Sul. Após comprar terreno no Marina Ponta da Figueira e finalizar a construção da casa, trocou de endereço em dezembro de 2016. Proporcionar o contato com a natureza para as filhas pequenas, ter segurança, infraestrutura de lazer e o apelo da náutica pesaram na decisão. O deslocamento para o trabalho leva só um pouco mais de tempo, diz:
– Morava a quatro quadras do escritório e, às vezes, levava até 15 minutos para chegar. De Eldorado, a distância é maior, mas é fácil de percorrer. Chego em 25 minutos.